31 julho 2008

4º Teste da Cruzbike = 771 km

4º Teste da Cruzbike = 771 km

Total pedalado na Cruzbike = 6.177 km

Aparados da Serra – Serra do Rio do Rastro – Serra da Rocinha - Serra do Tabuleiro
Um Roteiro só para os mais fortes!
16/07/2008 a 27/07/2008






Exibir mapa ampliado


Há anos que eu tinha vontade de fazer este roteiro, mas no sentido inverso, isto é saindo de Joinville e chegando até Gramado. Era este o roteiro inicial da Volta ao Mundo que deveria ter iniciado em 2007. Tantas coisas aconteceram desde então que acabei modificando a rota inicial e por isso resolvi fazê-la agora no sentido inverso. Ônibus de Joinville a Gramado e retorno de bicicleta.
O meu primeiro companheiro de viagem era o Victor, de 16 anos que por motivos óbvios não pode realizar a viagem. Há três dias da partida, encontrei outro jovem de 18 anos, Lucas Schiochet que se viu atraído pelo Rapel e aceitou o desafio. Foi tudo muito rápido. Conheci o Lucas no domingo a tarde e na terça a noite já estávamos no ônibus rumo a Gramado. Os pais, Valdecir e Mariza nem tiveram tempo de se preocupar. Tudo foi muito rápido. A bicicleta que o Lucas ia usar era uma full suspension com três anos de idade e ainda com os pneus, corrente e relação original. Faltava um bagageiro, mas foi logo resolvido com a transposição de um de ferro da bicicleta do Valdecir. Foi parafusado na roda e no canote do selim e pronto. Somente em Nova Petrópolis nos demos conta de que não era possível acoplar o bagageiro no canote do selim de uma full. E o alforje? Bem, este eu peguei emprestado do Giorgio. Quando a Mariza fez a pergunta crucial: - Quanto vocês vão gastar nesta viagem? A resposta foi imediata. Cem reais cada um e mais trinta para as Termas de Gravatal. Só isso?, ela perguntou. Só. Disse eu. No final da viagem, na hora do acerto de contas, tínhamos gastado apenas R$ 108,00 cada um.
Para saber como é possível fazer uma aventura de 12 dias com tão pouco dinheiro, leia o relato a seguir.

A partida 15/07/2008

Fui pedalando até a Rodoviária onde preparei a bicicleta na mala bike e fiquei a esepra do Lucas que chegou meia hora antes da partida do ônibus. Ele foi de carro com a bike já embalada. Deixamos a cidade às 19:15 e chegamos em Gramado no dia 17 às 7:30h. Fomos recebidos na rodoviária pelo Leonardo Esch com um largo sorriso. Párea nossa surpresa ele estava de carro. A bagagem foi no porta male e as bikes em cima do carro.

A casa do Leonardo fica a 9 km de Nova Petrópolis num recanto encantador. Tivemos uma acolohida VIP pro parte dos pais do Leonardo o Sr. Egon e Dona Sonja.


Montando as bicicletas na casa do Leonardo

Montamos as bicicletas e, como sempre, a cruzbike fez logo sucesso. O Leonardo pedalou nela e o Sr. Egon e Dona Sonja sentaram na “queridinha” como dizia dona Sonja.

Dona Sonja testando a Cruzbike

O Sr Egon nos ofereceu um almoço num restaurante em Nova Petrópolis. Fomos pedalando até o centro e a cruzbike de novo fez sucesso. Todos queria admirar aquela coisa rara, nunca vista antes. O Leonardo comentou que seria interessante ter uma filmadora só para filmar a cara de espanto das pessoas.


Magnólia na casa do Sr. Egon e dona Sonja

Na parte da tarde, depois de conhecer a cachoeira do Panelão, veio o Rapel, tão esperado por mim e pelo Lucas. Nós estávamos bastante apreensivos. Nenhum dos dois conhecia esta aventura. Ao chegarmos ao topo da cachoeira sentimos um frio na barriga só em olhar para baixo. Depois das devidas instruções ministradas pelo Leonardo de como usar o mosquetão e a corda e dos cuidados que é preciso ter ao descer, o Lucas se candidatou a ser o segundo a descer. O Leonardo foi primeiro para segurar a corda lá em baixo, por medida de segurança. Ao chegar a minha vez de descer, eu olhei para mim mesmo e me perguntei:

- O que é que um velho de 64 anos vai fazer pendurado numa corda? Mas o espírito era de um jovem de 20 anos. Se o Lucas com apenas 18 anos podia descer, eu, com “20” também poderia fazer o mesmo. E lá fui eu cheio de coragem. Bastou dar alguns passos para trás, para sentir o gostinho da aventura. Foi tão divertido, tão fácil e tão maravilhoso que repetimos a dose duas vezes. É preciso participar da aventura para se conhecer os próprios limites. Para nós dois foi tão bonita a experiência que se a nossa aventura tivesse terminado ali nós já estávamos satisfeitos.
À noite o Sr. Egon preparou um delicioso churrasco e a dona Sonja exagerou na sobremesa.

Valdo, Egon, Lucas e Leonardo

A noite foi muito curta. Bicicleta para arrumar. - O Lucas teve que modificar a posição do bagageiro para libertar do cano do selim. Fez uma gambiarra que ficou mais ou menos e conseguiu chegar até a casa do Marcos em São José dos Ausentes onde o Sr. Chico ajudou a criar uma nova gambiarra bem mais resistente que aprovou durante o resto da viagem. – fotos do Leo para a gente ver e no final ainda tinha um filme sobre a volta ao mundo de um francês. Como eu estava assistindo o filme deitado, fui vencido pelo sono e acordei quando o Leonardo estava desligando a TV.



17/07/2008
Nova Petrópolis – São Francisco de Paulo
72 km com velocidade média de 13,53 km/h

Acordamos às 6 horas e saímos às 7:40h. A primeira etapa era Gramado, só que para chegar lá tivemos que enfrentar grandes subidas. Era uma pequena amostra do que íamos enfrentar pela frente. Para o Lucas já foi o primeiro teste. Fomos ao Supermercado comprar comida para a viagem. Fizemos um lanche e nos preparamos para seguir viagem. Saímos de Gramado ao meio dia e seguimos para Canela onde visitamos a linda Igreja. Num momento fui transportado em espírito para Europa onde morei durante sete anos. O estilo das casas germânicas, as ruas muito limpas e bem cuidadas; as árvores sem folhas; a simplicidade das pessoas a caminhar pela rua. Tudo isto me fazia viajar. Era grande a alegria que eu sentia por dentro.
A dois quilômetros de Canela uma pedra afiada conseguir se alojar por baixo do Mister Tuff e furou o meu pneu. Troquei a câmara e ao montar a roda apareceu outro problema. O eixo que transporta a carretinha não se encaixava bem no quadro. Por ser um quadro de dimensão mais reduzida o eixo ficou maior. A arruela que euusava era de alumínio e tinha se gastado. Depois de muitas tentativas frustradas, o Leonardo que nos acompanhava até então, teve a idéia de procurar uma oficina e cortar um centímetro do eixo. Como ele estava sem bagagem voltou a Canela e serrou o eixo. Resolvemos o problema, mas agora não vou poder usar este mesmo eixo nas outras bikes. Nesta manobra gastamos quase duas horas de tempo e tivemos que mudar os nossos planos. Já não era possível chegar a Tainha para pernoitar. Paramos em São Francisco de Paula e fomos muito bem acolhidos com direito a participar do jantar com eles e comer um delicioso arroz carreteiro.

O Lucas fez sua primeira experiência de cicloturista pedalando 72 km nas serras gaúchas. Chegou bastante cansado mas mesmo assim inteiro. Acho que ele não teria conseguido fazer os 105 km previsto para esta jornada. Há males que vêm para o bem.

18/07/2008
São Francisco de Paula – Cambará do Sul
77 km com velocidade média de 14,28 km/h

Uma noite bem dormida num excelente colchão. O Lucas foi para o beliche e reclamou que o colchão tinha galhos de árvores dentro dele. Será?! Resolvemos levantar mais tarde pois queríamos levar a bicicleta do Lucas ao mecânico para fazer a regulagem do câmbio dianteiro. Deixamos o acampamento nos Bombeiros às 8:50h.



Os bombeiros foram muito gentis conosco. Ficamos sabendo que por ali já tinha passado muitos cicloturistas de todas as espécies. Desde os mais desengonçados até os mais organizados como o Daisuke, um japonês que está fazendo a volta ao mundo durante vários anos. Elogiaram a nossa organização e ficaram muito admirados ao ver as fotos da Cruzbike no Uruguai, Argentina e no Nordeste brasileiro.

Fomos à oficina mas o mecânico tinha acabado de sair e ia demorar para voltar. Procuramos outra oficina mas o mecânico disse que estava muito ocupado e não podia atender. Tratava-se apenas de uma simples regulagem de marchar, mas o infeliz nem quis saber do que se tratava. Voltamos à primeira oficina para esperar pelo mecânico. Ao lá chegar soubemos que ele já tinha voltado e saído de novo. O jeito foi o Lucas aprender a regular a marcha. Foimeio desajeitado, mas no final até que deu certo. Iniciamos a viagem depois das 10 horas.


Amanhecer no Camping Corucacas

A distância a ser percorrida era relativamente pequena. Pouco mais de 70 km mas a estrada era muito acidentada. Uma seqüência interminável de subidas e descidas. Para o Lucas foi bastante cansativo. Por falta de opção melhor acampamos no Camping da Pousada Corucacas na Fazenda Baio Ruano. O lugar era muito bonito e ficava bem perto da cidade. Pagamos duas noites a sete reais por pessoa.

Será que o Lucas está mesmo cansado?


19/07/2008
Canyon Fortaleza
50 km com velocidade média de 10,10 km/h


\levantamos ás 6:30h com a lua cheia se escondendo por detrás dos pinheiros. A meta era conhecer os Canyons Fortaleza e Itaimbezinho. O Canyon Fortaleza dista 22 km de Cambará do Sul e o Itaimbezinho 18 km. Somamos as distâncias e decidimos fazer os dois. Começamos pelo mais distante. Iniciamos a pedalada às 8:20h mas não tínhamos idéia de como seria a estrada. Os primeiros três quilômetros foram de asfalto e muita subida. Depois pegamos uma estrada bastante complicada, com muitas pedras e subidas enormes. Mesmo com as bicicletas sem carga era quase impossível pedalar. Nas subidas, empurrávamos a bicicleta e nas descidas, tínhamos que frear para desviar dos buracos e as pedras soltas. Duvido que exista no Brasil uma estrada pior do que esta.

Chegamos ao Canyon às 11:30h e logo dissemos adeus ao Itaimbezinho. Se a dificuldade para chegar lá foi grande, maior foi a alegria ao contemplar a obra monumental feita pela natureza. O Canyon ?Fortaleza impressiona pela sua grandiosidade. São quase mil metros de profundidade. Cada ângulo que se escolhe é mais bonito que o outro. Fizemos duas trilhas. A primeira com as bicicletas e a segunda, depois de algumas centenas de metros escondemos as bicicletas no mato e seguimos a pé até o topo da montanha. Um passeio inesquecível. O céu estava limpo e as nuvens só apareceram depois de duas horas para invadir o vale.


Iniciamos a viagem de volta e esta pareceu ainda mais difícil. A bicicleta do Lucas apresentou problemas nos freios traseiros e na corrente que estava torta. Ele ainda não sabia fazer a mudança das marchas e pedalava com a corrente enviesada. Ao chegarmos à cidade fomos a uma oficina de bicicleta. Para nossa sorte, mesmo sendo sábado a tarde, ainda estava aberta. O mecânico Cleo fui muito gentil. Arrumou uma corrente usada para substituir a que estava torta. Mas como não tinha chave de corrente usou o martelo. O Lucas pedalou 50 metros e a corrente arrebentou. Voltou à oficina e mais marteladas na corrente. Conseguimos chegar com ela até São José dos Ausentes... O freio traseiro estava quebrado e como ele não tinha um novo, tirou os freios de uma bicicleta que estava ali para ser consertada. Na segunda ia comprar um par novo. O Lucas pagou o preço de um novo, mas pelo menos resolveu o problema. Quando deixamos a oficina já era escuro.


Enquanto o Lucas consertava a bicicleta, o vizinho,dono de uma oficina mecânica me convidou para tomar um vinho e comer um pouco de carne com pão. Eles tinham feito uma comemoração ali. Estava muito admirado com a nossa aventura.

Ao chegarmos ao Camping encontramos o pessoal da Cavalgada que tinha feito uma viagem de uma semana desde Bom Jardim da Serra. Eram 150 cavaleiros e algumas amazonas que tinham feito a travessia. Era um pessoal animado com música e muita comida. A noite estava bastante fria e logo depois da janta caímos na barraca para nos aquecer no saco de dormir.


20/07/2008
Cambará do Sul – São José dos Ausentes
65 km com velocidade média de 8,51 km/h


Deixamos o camping às 7:20h. Sabíamos que tínhamos uma longa jornada pela frente mas não fazíamos idéia do grau de dificuldades que iríamos enfrentar. Pelas informações dos caminhoneiros os primeiros 25 quilômetros seria bem difíceis. Mas quando enfrentamos a estrada a coisa mudou. A estrada parecia o leito de um rio seco. Pedras e mais pedras sem barro entre elas. Muitas delas soltas. Enfrentamos duas grandes serras. Subíamos empurrando a bicicleta e descíamos a uma velocidade de 8 a 10 km/h. O treme treme era tanto que o Lucas ficou com os braços doloridos. E eu que tinha pensado que a estrada para o Canyon Fortaleza era a pior de todas... Na estrada para o Canyon Fortaleza a nossa média foi de 10,10 km/h e nesta outra só chegou a 8,5 km/h. Mesmo assim o trajeto foi interessante. Serviu para fazer o teste da Cruzbike nas montanhas e em estradas com alto grau de dificuldades.


Tínhamos combinado com o Marcos que chegaríamos no Vale das Trutas entre as 13 e 14 horas. Chegamos às 13:35h. Que alegria. Tomamos um refrigerante e seguimos na companhia do Marcos para a fazendo do Sr. Chico, pai do Marcos. Mais uma surpresa nos esperava. Eram 12 km até São José dos Ausentes com bastante subida e depois mais 8 km numa estrada secundária, sendo os últimos três dentro da fazenda da família. Quatro travessia de riacho sendo que eu me desequilibrei no último e meti os pés na água. Chegamos por trás da fazenda para encurtar caminho e tivemos que atravessar a bicicleta com toda a tralha por cima de uma cerca alta. Já era noite quando atravessamos a cerca e chegamos no pátio da fazenda. Se a jornada foi longa e difícil, a acolhida foi excelente e calorosa. Fomos recebidos pela dona Elizabet, mãe do Marcos e em seguida fomos apresentados ao Seu Chico, pai do Marcos que ordenhava as vacas na vacaria. Outras pessoas nos aguardavam na fazenda. A Natália, irmã do Marcos; o Gabriel, de 10 anos, filho do Marcos; a cunhada dele Rosana e o filho Augusto e também a Larissa, sobrinha da Rosana.

Um banho restaurador e a seguir um lauto jantar regado a vinho. Como tínhamos chegado a noite e estávamos bastante cansados, decidimos permanecer mais um para conhecer a fazenda e descansar., embora o Marcos tivesse que regressar no dia seguinte, segunda-feira para voltar a trabalhar na terça. E foi assim que dormimos até as nove horas da manhã.


21/07/2008
Descanso na Fazenda Guazzelli



Fomos agraciados com um delicioso café colonial preparado com muito carinho e esmero pela dona Elizabet. Uma rápida visita de reconhecimento do local e fomos lavar as bicicletas para remover a lama. O pessoal aproveitou para matar a curiosidade e pedalou na Cruzbike.

Seu Chico fazendo Queijo

Após o almoço o Marcos voltou para Caxias. Nós aproveitamos para consertar o bagageiro do Lucas. Com a ajuda do Seu Chico que é muito engenhoso, fizemos uma bela gambiarra. Como o Lucas estava com problemas com a corrente, o Marcos deixou o extrator de corrente com ele. No domingo quando entramos na fazenda a corrente do Lucas arrebentou. Se não fosse o extrator de corrente do Marcos nós teríamos tido que empurrar a bicicleta por vários quilômetros. Mesmo depois do conserto, a corrente que o mecânico tinha vendido para o Lucas voltou a arrebentar. O Marcos recolocou a corrente velha e foi com esta que conseguimos chegar até Orleans em Santa Catarina.

Marcos e Rosana testando a Cruzbike



22/07/2008
São José dos Ausentes RS – São Joaquim SC
32 km com velocidade média de 9,96 km/h

Gambiarra no bagageiro do Lucas

O Seu Chico gentilmente nos ofereceu carona até São José dos Ausentes. Ficamos contentes pois assim evitaríamos os oito quilômetros difíceis com as travessias dos riachos. Combinamos levantar ás 6:30h para sair às oito horas, depois que o Seu Chico terminasse de ordenhar as vacas.

Valdo e Seu Chico em São José dos Ausentes

Infelizmente começou a chover de madrugada e não parou mais. Deixamos a fazenda debaixo de forte chuva que nos acompanhou durante os 20 km até São José dos Ausentes pela estrada principal. Paramos num posto de gasolina e tentamos conseguir uma carona até São Joaquim. Depois de várias tentativas frustradas, preparamos um chá de camomila acompanhado de pão de forma e decidimos enfrentar a chuva. Para o Lucas ia ser a primeira experiência de pedalar na chuva. Comprou um chinelo de dedo, vestiu uma capa de chuva descartável que eu levava e com um isto de alegria e temor, nos dispusemos a iniciar mais uma etapa da aventura. As onze horas a chuva aliviou um pouco. Começamos a pedalar e para nossa sorte, depois de mia hora, a chuva parou e o sol apareceu. Serviu de estímulo para a nossa difícil jornada que estava apenas começando. A estrada era boa, mas havia muita subida e em alguns trechos muita lama. Levamos duas horas para percorrer os 20 quilômetros que separam São José dos Ausentes de Silveira onde pensávamos que seria fácil conseguir uma carona. Quando lá chegamos fomos informados de que ali seria difícil conseguir carona pois passam poucos carros por ali. Teríamos que pedalar mais 20 km para chegar em Santa Catarina onde teríamos mais chance de consegui a carona. Na verdade nós queríamos chegar ali para passar a noite. As fortes subidas iam minando as forças aos poucos. A carretinha fica bastante pesada na subida e é preciso fazer bastante força nos braços. Espero resolver este problema com a carenagem que já deverá estar pronta no meu regresso a Joinville.

Foi no topo de uma grande subida, enquanto empurrávamos a bicicleta que o Lucas levantou o dedo polegar no sentido de pedir carona e a caminhonete parou. Era um lindo carro de cabine dupla, dirigida pelo Sr. Élson que nos ajudou a colocar as bicicletas na carroceria. Os quarenta quilômetros até São Joaquim foram vencidos rapidamente pelo carro tracionado que de vem em quando dançava na pista enlameada. Do alto da montanha contemplamos um panorama deslumbrante. A seguir 20 km de descida até chegar ao rio Pelotas na divisa de estados. O rio estava no leito normal e por isso passamos a ponte sem problemas. Quando chove na cabeceira do rio a água passa por cima da ponte e os carros tem que esperar algumas horas até conseguir fazer a travessia.


Em São Joaquim descemos no centro e pedalamos um pouco para conhecer a cidade. Depois seguimos até os Bombeiros. Como em São Francisco de Paula, também em São Joaquim a recepção foi excelente. Literalmente colocaram a casa à nossa disposição e nos serviram um delicioso jantar. Valeu!

23/07/2008
São Joaquim – Orleans
94 km com velocidade média de 14,58 km/h


Deixamos os Bombeiros às 7 horas depois de uma noite bem dormida. A meta era pedalar 130 km e chegar a Gravatal. Tivemos problemas com a corrente do Lucas e acampamos num posto de gasolina em Orleans. A corrente do Lucas arrebentou duas vezes e como se isso não bastasse, ele conseguiu, não sei como, dar dois nós na corrente. Só conseguiu desfazer os nós tirando o pino da corrente. Chegamos em Lauro Muller e trocamos a corrente.


A primeira etapa desta viagem de São Joaquim até o mirante foi muito difícil. Foram 55 km de muitas subidas. O Lucas chegou ao mirante no limite das forças. Foram necessários 45 minutos para ele se restabelecer de novo.


Na primeira parte da viagem enfrentamos uma forte neblina mas à medida em que nos aproximávamos do mirante o sol começava a aparecer até chegarmos a um céu totalmente azul. Foi bom para batermos as fotos e fazer a descida sem problemas. Iniciamos a tão sonhada descida ás 14 horas com muita calma. A velocidade máxima não passou dos 30 km/h. Era preciso curtir o visual. Paramos em todos os mirantes que existem na serra. Valeu tanto esforço para chegar até ali.


Esta foi a quarta vez que passei pela Serra do Rio do Rastro e foi sem dúvida a mais emocionante de todas. Mais um sonho realizado.


Ex-padre pedala 400 quilômetros até Termas do Gravatal

Conhecer todo o Brasil e os países da América do Sul em uma bicicleta. Esta é a missão do ex-padre missionário, Valdecir João Vieira, o Valdo, 64 anos, que desde 2003 já percorreu cerca de 30 mil quilômetros sobre uma bicicleta. Na passagem por Braço do Norte, concedeu uma entrevista à Folha do Vale.
Há cinco dias pedalando ao lado do amigo 46 anos mais novo, Lucas, 18 anos, ele percorreu mais de 400 quilômetros e gastaram em torno de R$ 150, desde Petrópolis (RS) até Braço do Norte.
Na noite de quinta para sexta-feira, os amigos passaram a noite em Termas de Gravatal. “Essa é a nossa última parada, agora só paramos para dormir e depois só em casa, já que temos cerca de 400 quilômetros para percorrer de volta”, conta Valdo.
Natural de Joinvile, bacharel em teologia e administração empresarial pela Universidade de Roma (Itália), o cicloturista, passou dez anos de sua vida realizando missão em Moçambique, na África, em meio a uma guerra civil sem fim, encarando diversas adversidades, tentando aliviar a vida daqueles que não tinham acesso à comida e saúde. “Em missão, na Alemanha, entregávamos alimentos às famílias mais necessitadas, priorizando crianças e idosos. Cheguei a fazer 18 enterros num dia, pessoas mortas por tiros ou decapitadas. Tínhamos que nos esconder para não morrer também. Agora vivo livre, em contato com a natureza”, explica Valdo.
Envolvido em uma profunda depressão, o ex-padre resolveu combater os seus dramas e traumas de forma diferente, sem médicos saiu percorrendo a pé pelas rodovias de todo país, para em seguida adotar a bicicleta como fiel companheira. “Confesso que este foi o melhor remédio para as minhas angústias, passei a conhecer pessoas diferentes, a enxergar o mundo de outra forma, encontrando o equilíbrio necessário para minha vida. Aconselho a todos realizarem uma aventura desta, pelo menos uma vez na vida, os seus conceitos mudam”, recomenda.
A primeira grande viajem de bicicleta feita por Valdo foi a aventura do Oiapoque ao Chuí, onde começa e termina o país, em viajem realizada em duas fases: a primeira percorrida em 4.071 quilômetros, no período de 13 de maio a 18 de julho de 2003. “Se você for jovem como eu, beirando os 65 anos, e quiser fazer uma aventura de bicicleta, o melhor que tem a fazer é preparar-se em silêncio. Sem muita propaganda”, revela o segredo. Segundo Valdo, as pessoas que raciocinam muito antes de dar um passo viverão suas vidas sobre uma perna. “Não dê muitos ouvidos as coisas que dizem, porque senão você não sai de casa”, filosofa.
Embora tenha pedido afastamento do sacerdócio, Valdo jamais abandonou sua fé. Prova desta identificação foi a Caminhada da Fé em 2004, trilha feita pelo ex-padre, que percorreu a pé, quase 500 quilômetros.
Para o final deste ano, Valdo prepara sua maior viagem. Ele vai percorrer cerca de 40 mil quilômetros para dar a volta ao mundo. “Vou descansar uns dois meses, e então passo a me dedicar para o projeto “Volta ao Mundo de Bicicleta”, antecipa.
O ex-padre conhece 28 países, fala português, espanhol, italiano e inglês, conhece a língua indígena Tukano e duas línguas africanas de Moçambique, Chinhungue e Ronga, mas garante: “o maior prazer de uma viajem é fazer amizade, conhecer pessoas e, de maneira simples e cordial, compartilhar momentos de alegria em diversas comunidades diferentes”.
Para quem quiser acompanhar as aventuras de Valdo, pode acessar o seu site pessoal www.valdonabike.com.



25/07/2008
Gravatal – São Bonifácio
73 km com a velocidade média de 11,63 km/h

Uma noite silenciosa com um sono reparador. Como sempre, a musiquinha chata tocou no mesmo horário; 5:30h.Às sete em ponto já estávamos na estrada. Pedalamos 300 metros e o Lucas se deu conta que tinha esquecido o capacete no camping e voltou para apanhá-lo. 28 km de estrada plana nos levou até São Martinho, depois de passar por Armazém. Em São Martinho tínhamos duas opções. Seguir pela esquerda por uma estrada com seis quilômetros a mais e sempre subindo ou seguir pela direita, passando por Vargem do Centro com duas grandes subidas e o restante bastante plano, segundo informação obtida no posto de gasolina. Optamos pela segunda alternativa. A informação estava correta quanto às duas grande subidas, mas o tal de “bastante plano”não existia. Era uma montanha russa constante, mas sempre subindo. Depois de um certo tempo o Lucas só gemia e dizia que não agüentava mais subir. Eu tentava animá-lo mostrando a beleza da paisagem em cima da montanha,mas não adiantava. Ele não tinha coragem de olhar para trás. Dizia que não valia a pena. Quem é acostumado a pedalar sabe que no final de uma grande subida existe sempre um lindo visual. Para o Lucas, porém, tudo era igual. Só tinha olhos para o cansaço. Pobre garoto.


Foram 34 km quase só de subida numa estrada de piçarra muito bem conservada. Até parecia asfalto, exceto numa descida onde eu e o Lucas derrapamos na areia e não conseguimos para a tempo. Quase consegui parar, mas a roda dianteira virou e eu rolei pelo chão. Levantei, olhei para frente e vi o Lucas parado. Pensei que ele tinha parado para me esperar, mas na realidade ele também tinha caído. Mais adiante ele capotou de novo mas ninguém se machucou. Já eram 16 horas quando chegamos a São Bonifácio, uma simpática cidade encravada no meio das montanhas a 450 metros de altitude. Decidimos acampar ali mesmo. Fomos primeiro até a Delegacia de Polícia mas o oficial estava ausente. Fomos encaminhados para uma área coberta, uma antiga estrebaria que pertencia à Igreja. Fomos falar com o Frei para pedir autorização para acampar. Ele não se opôs, mas achou que o lugar não muito indicado. Sugeriu que acampássemos em baixe de uma platibanda do salão paroquial que fica na praça principal. Agradecemos a “generosa” oferta e acampamos mesmo na estrebaria. Por sorte achamos um chuveiro quente para o banho e tudo ficou resolvido.


O nosso Presépio do Estábulo

Depois do jantar, o Lucas apagou na barraca e eu fui procurar uma Lan House para acessar a Internet. Enviei uma mensagem ao Leite, em Itapema onde pretendíamos chegar no dia seguinte.

Alambique de cachaça



26/07/2008
São Bonifácio – Tijucas
121 km com velocidade média de 15,98 km/h.


Uma noite fria mas sem maiores complicações. Levantamos no horário costumeiro e saímos às 7:20h para enfrentar, de cara, cinco quilômetros de subida, a maior parte empurrando a bicicleta. O asfalto facilitava a pedalada mas tivemos que subir tanto que levamos a manhã inteira para percorrer pouco mais de 30 km de distância. O Lucas se cansou bastante. Ele tem dificuldades de caminhar morro acima empurrando a bicicleta.


Finalmente, depois de muitos dias no meio das montanhas, sentimos o gostinho de pedalar na planície. Em Águas Mornas entramos na planície. Que bom poder pedalar acima dos 20 km/h. Para o Lucas era a primeira experiência. Agora vinha o desafio de aprender a pedalar na cadência para conseguir resistência.. No começo ele reclamava de uma dor no joelho e mais tarde reclamava de dor nas costas. Quando faltavam 10 km para a parada, o Lucas desceu da bicicleta e parou. Disse que não agüentava mais pedalar. Ainda bem que já estávamos no final da jornada. Acampamos nos Bombeiros de Tijucas onde tivemos uma excelente acolhida acompanhada de um delicioso jantar.


Deixo aqui registrado o meu sincero agradecimento ao Corpo de Bombeiros das três cidades onde nos hospedamos: São Francisco de Paula RS, São Joaquim SC e Tijucas SC. Nos três lugares fomos tratados com respeito e carinho por parte dos Bombeiros. Valeu mesmo! Muito obrigado!

27/07/2008
Tijucas – Joinville
136 km com velocidade média de 17.879 km/h


Esta foi a maior distância que pedalamos. Foram 7:37h em cima da bicicleta. No início pensamos em pedalar somente até Itajaí onde eu passaria a noite e o Lucas seria resgatado pelo Pai. Depois de ponderarmos bem decidimos levantar cedo e seguir até onde fosse possível. Se ele não agüentasse, era só ligar para casa e pronto. Era o último desafio e valia a pena tentar. É muito gratificante quando a gente consegue superar os próprios limites. O Lucas se animou, mas duvidava que fosse capaz. Vamos tentar, disse-lhe eu. A proposta era manter uma velocidade média em torno dos 20 km/h. Não é nada fácil manter esta velocidade com a bicicleta carregada durante muito tempo. Mas como nós só pedalamos uma hora por vez valia a pena tentar. Depois de cada parada, ele saia na frente e pedalava a 24 ou 25 km/h. Eu seguia atrás mantendo um ritmo mais suave. Esta garra durava em torno de 15 minutos e ele começava a diminuir a velocidade até que eu passasse. Daí para frente ele procurava me acompanhar. E conseguiu. Ao chegarmos na curva do arroz, pegamos o contorno. Fizemos a última parada. Parecia mentira que já estávamos ali. Eram 15 horas. O Lucas estava cansado, com vontade de telefonar para o Pai. Coragem, dizia-lhe eu. Agora falta muito pouco. Só mais alguns minutos. Pouco a pouco fomos vencendo os últimos quilômetros e quando menos esperava, já estávamos no portão da casa dele. Ele resolveu fazer uma surpresa para o Pai. Telefonou do portão para dizer que estava em Barra Velha e precisava de resgate. Mas infelizmente quem atendeu foi o irmão Mateus que estava em casa sozinho. Os pais tinham saído para fazer compra para o jantar que iam preparar para nós. O relógio marcava 16 horas.


Deixei o Lucas e pedalei para a minha casa. 10 km n os separava. Depois do banho teria que fazer mais 20 km de ida e volta. Depois do banho tive que atender a uma sobrinha que estava de visita e só fiquei livre às 19 horas. Um pouco de cansaço unido à preguiça fez com que eu telefonasse para avisar que não iria participar do jantar. Mas não adiantou. O Valdecir, pai do Lucas, veio me buscar de carro. Valeu a pena ter ido. Foi um jantar muito animado onde revivemos toda a nossa aventura com os familiares. Quando voltei para casa já era quase meia noite.


Resumo da viagem.

Uma bela experiência. Grau de dificuldade elevado devido ao tipo de terreno. Conheci duas famílias maravilhosas. A do Leonardo em Nova Petrópolis e a do Marcos em São José dos Ausentes. Voltei mais enriquecido com estas novas amizades.

A Cruzbike se comportou muito bem. Cada vez me convenço mais da facilidade de pedalar com ela. O conforto é muito grande e vale a pena apostar nela na volta ao mundo. Apenas a carretinha se mostrou um pouco pesada nas subidas. Espero resolver este problema com a carenagem que deve ficar pronta em breve.
Cada viagem é única. Sempre temos coisas novas para aprender.
Este roteiro é difícil, mas vale a pena ser feito. Quem tiver tempo e coragem, faça-o. Não vai se arrepender.

Joinville, 28 de julho de 2008.

04 julho 2008

Nascimento da Carenagem da Cruzbike

O nascimento da carenagem da Cruzbike está sento um parto bastante difícil. Como estamos partindo do Zero, o Janderson tem que usar toda a imaginação para fazer a carenagem.
Após duas semanas de trabalho já se pode ver alguma coisa.
O bom é que vai ser fácil desmontar a carenagem para transportar a bicicleta. Também vai ficar fácil removê-la para fazer pequenas viagens onde não é preciso transportar nada. O único problema que vejo é o aumento do peso na bicicleta. Mas este é um preço que tenho que pagar para ter facilidade no transporte das minhas coisas.
Seguem algumas fotos.