Pedalando na Cruzbike pelo Brasil, Uruguai e Argentina
1700 km em 19 dias sendo 16 de pedalada.
Distância média diária = 104 km/dia
Velocidade média = 16,06 km/h
Velocidade máxima = 63,73 km/h
Peso aproximado da bicicleta + carretinha = 50 kg
Gasto total por pessoa com comida e alojamento = R$ 155,00
Travessia Uruguai Argentina de Buquebus = R$ 45,00
Gasto médio por dia = R$ 10,00
Uma viagem diferente das outras por mim realizada. Desta vez eu estava num grupo, mas não era eu o organizador do projeto. Não foi fácil me adaptar a um estilo novo sem nada de programação, mas aos poucos vi que existem várias maneiras de participar de um grupo. Até que foi interessante.
Como tive que fazer umas alterações na minha bicicleta, não pude sair pedalando de Joinville como fizeram o Giorgio e o Samuel que iniciaram a pedalada no dia 30 de dezembro de 2007. Eu viajei de ônibus com o Juliano até Rio Grande para me junta aos dois. Cheguei no dia 13 de janeiro de 2008 e iniciamos a viagem no dia 14.
Fomos recebidos na rodoviária pelo Senna que nos aguardava com sua caminhonete para nos levar até a sua casa. Os dois tinham ido pedalar na praia do Cassino e nos encontramos no final da tarde. A acolhida na casa do Senna foi tão fantástica que parecia que nós já nos conhecíamos há muito tempo. Gostei muito de ouvir as histórias contadas por ele sobre suas viagens, sobretudo das viagens realizadas pela Rússia. Como é bom encontrar pessoas que têm o mesmo interesse que nós.
Fomos agraciados com mais um pernoite no sítio do Senna na reserva do Taim. Um lugar maravilhoso com a casa à nossa disposição.
A viagem foi com vento a favor e muito descontraída. No quilômetro 40 encontramos o Vitor que pedalava em sentido contrário, com vento contra, vindo da Argentina. Ele já estava há 45 dias na estrada.
Reiniciamos a viagem, sempre com vento a favor e somente depois de três quilômetros foi que o Giorgio percebeu que tinha esquecido o capacete no sítio. Pedalamos 90 km e pernoitamos no Posto Alvorada.
Iniciamos a viagem com céu nublado e às nove horas se formou uma forte trovoada com vento e muita água. A partir daí pegamos vento contra até o final da viagem.
O dia na Barra do Chuí foi muito interessante. Subimos no farol, descemos para a praia; visitamos os “molhes” do arroio chuí e voltamos para a cidade de Chuí para fazer compras e adquirir novos fogareiros, pois tanto o Giorgio como o Juliano tiveram problemas com vazamento de gás. Depois de muita procura no Free Shopping, decidiram comprar dois fogareiros e seis bujões de gás. Somente às dezessete horas conseguimos sair da cidade e entrar definitivamente no Uruguai para conhecer a Fortaleza e acampar no Parque Santa Tereza. Já eram 20:30h quando chegamos ao lugar do acampamento.
O Giorgio ficou encarregado de acordar às 6 horas. Acordei às 6:45 e todos dormiam tranqüilamente. Só conseguimos sair do acampamento às 8:15h para visitar a praia e perceber que estávamos acampados num lugar simplesmente maravilhoso. Pena que tínhamos que partir. O que mais chamou a atenção do grupo foi o tamanho do acampamento Santa Tereza. Um bosque enorme com várias ruas asfaltadas, dividido em centenas de lotes. Pagamos o equivalente a R$ 12,00 para usar um lote onde caberiam muitas barracas.
Visitamos outro lugar maravilhoso chamado Punta Del Diablo e depois de pedalar 87 km acampamos num posto de polícia, num campo de futebol. O Samuel e o Juliano jogaram futebol com os jovens do povoado.
Levantamos às 5:30h e às sete horas já estávamos pedalando rumo a Punta Del Leste. Uma viagem de 119 km bastante difícil, com vento contra, furo no pneu da bicicleta do Samuel e problema no freio traseiro. Seguimos pelo litoral e conhecemos lugares maravilhosos com muitas mansões. Em La Barra compramos pão, mas o preço era bem alto.
Acampamos depois da ponte num bosque de pinus, na foz do rio. Pela manhã recebemos uma notificação do guarda municipal onde nos comprometemos a deixar o parque imediatamente.
Conhecemos a badalada praia de Punta Del Leste onde desfilam todos os tipos de carros, incluindo três limusines do Hotel Conrad. Acampamos debaixo de uma ponte na entrada de Pan de Azucar. A água do rio era limpa e aproveitamos para tomar um bom banho. Serviu até para fazer o chá da manhã.
A próxima etapa era Montevidéu, distante 98 km. O Juliano perdeu um pedal, dos novos trocados em Chuí e teve que usar um dos velhos que por
sorte levava com ele. Chegamos em Montevidéu às 16:30h e tivemos uma recepção maravilhosa por parte do Marcelo que também é membro do Hospitality Club. Ele nos ofereceu o jantar e no dia seguinte nos levou na casa de um amigo para uma Pizza feita na hora que terminou às 17 horas. À noite fomos à casa da Maria Teresita, também do Hospitality Club para um churrasco que terminou às duas horas da manhã.
Em Montevidéu eu consertei a corrente que continuava a dar problemas de engate. O Juliano comprou novos pedais. Desta vez investiu um par bem melhor e mais duradouro. O Samuel teve que trocar os rolamentos dos dois cubos que estavam fazendo muito barulho.
O próximo destino era Colônia do Sacramento onde iríamos apanhar o Buquebus para Buenos Aires. A distância de 210 km foi percorrida em dois dias com um pernoite debaixo de uma ponte onde foi possível até pescar.
Chegamos em Colônia às 17:30h já com as passagens compradas em Montevidéu, mas a travessia só se realizaria no dia seguinte às 6 horas da manhã. Depois de conhecer a cidade histórica e outras partes da cidade, dormimos num posto 24 horas bem perto do porto.
Buenos Aires. Visita de três dias e duas noites no Backpacker End of the Wolrd a $ 6 dólares por pessoa. Ambiente descontraído com internet grátis e café da manhã incluído no preço. É uma
ótima opção para quem quer conhecer Buenos Aires e gastar pouco com alojamento. Para ver a lista de hotéis de baixo custo clique aqui.
Aproveitei para comprar o tão sonhado fogareiro MSR Whisper Lite Internationale. Descobri também que o melhor combustível para ele é o Solvente Industrial que se encontra em qualquer casa que vende tinta. É mais caro que a gasolina, mas é muito eficiente e não entope a válvula.
Ao sairmos de Buenos Aires, seguimos pelos parques da cidade pedalando por uma ciclovia muito bonita. Depois do Estádio Club Atletico River Plate entramos no Parque de los Niños e seguimos a ciclovia que ia sempre beirando o rio. Lugares fabulosos para pedalar. Gente de todas as idades corria, caminhava ou pedalava pelo parque.
Conhecemos San Isidro, Tigre e acampamos num posto de gasolina na entrada de Zárate depois de pedalar 106 km com muita tranqüilidade.
Amanheceu chovendo e a saída marcada para as oito horas só aconteceu às 10:45h. Ainda havia uma chuvinha fina, mas logo parou. Pedalamos 106 km e acampamos num gramado muito bonito ao lado de um posto de gasolina com direito a banho quente.
Inaugurei o meu novo fogareiro i fiquei impressionado com a potência do mesmo. Uma panela grande encontrada na beira da estrada serviu para preparar uma panelada de comida.
Na manhã seguinte o Giorgio perdeu a hora outra vez e só acordamos às 07:15h. A jornada foi longa. Pedalamos 164 km até o final do dia. Em Colon atravessamos a ponte e entramos no Uruguai por Paysandu. Deveríamos ter dormido na casa da Maria Teresita, mas chegamos tarde na cidade. A chave da casa estava numa imobiliária que fechou as 19 hortas e
nós só conseguimos telefonar às 21 horas. Saímos à procura de um camping da prefeitura para passar a noite. Chegamos ao camping às 22 horas e o guarda não nos deixou entrar sem autorização. Tivemos que pedalar mais dois quilômetros até a prefeitura portuária para pedir autorização. Conseguimos. Ao voltarmos para o camping o Giorgio foi abordado pelos guardas da prefeitura que estavam numa viatura e disse que nós não poderíamos acampar porque já era muito tarde. Na verdade acho que ele desconfiou ao ver a cabeleira do Giorgio. Nós seguimos adiante a ao nos aproximarmos do camping o guarda do carro me chamou e disse a mesma coisa. Falou que o camping estava nas mãos de uma empresa particular e que ele não podia dar autorização para nós. Foi então que eu argumentei que já tínhamos deixado os nossos dados com o guarda da prefeitura e que o guarda do camping nos esperava. Ele então usou uma frase curiosa. Disse-me que o guarda da prefeitura tinha dito que nós éramos gente de bem e por isso nos permitiu entrar no camping. Já passava das 23 horas quando conseguimos entrar para procurar um lugar para armar as barracas.
O lugar era muito bonito. Um grande parque na beira do rio. Havia uma área com muita gente fazendo pic nic nas mesas com churrasqueiras. Trilhas para caminhadas e uma área reservada para as barracas. Além das torneiras havia também chuveiros que nos permitiu tomar um bom banho.
A próxima etapa foi de 122 km. Deixamos o acampamento às 8:45h e fomos à procura de pão e fruta para a viagem. Quando iniciamos a viagem o relógio já marcava 11 horas. Enquanto seguíamos pela ruta 3 rumo a Salto a viagem era tranqüila, mas quando pegamos a ruta 26 que nos levaria a Taquarembó, a coisa ficou feia. Além das intermináveis subidas, pegamos vento contra. A área era completamente despovoada com campos nos dois lados da estrada. Já passava das 21 horas quando encontramos um excelente lugar para armar a barraca. Era um posto de gasolina abandonado com uma propriedade meio em ruínas, sem luz elétrica, mas com água encanada. Fomos bem acolhidos pelos dois proprietários do lugar.
O nosso próximo destino era a cidade de Taquarembó onde íamos dormir na casa da Sra Laura, irmã da amiga do Marcelo que mora em Montevideu. Ao nos aproximarmos da casa da Laura, formou-se, de repente, um enorme temporal. O céu escureceu e a água despencou. Não deu tempo de chegarmos na casa. Fomos acolhidos pela Laura em baixo de chuva. A casa onde íamos passar a noite ficava a menos de um quilômetro dali, mas já era noite e a chuva teimava em continuar. Finalmente encontramos a casa que estava para ser alugada e por isso a luz estava desligada. Mesmo assim foi ótimo. Pudemos tomar banho e preparar a comida num lugar seguro.
Estávamos a 122 km de Rivera, o nosso destino final. Uma viagem com muitas subidas, vento e chuva que nos obrigou a parar por duas vezes. Chegamos cedo em Rivera e fomos direto até a imigração que fica dentro da cidade. Para nossa alegria descobrimos que poderíamos acampar no pátio da imigração. Foi providencial, pois como não encontramos lugar no ônibus para Joinville, tivemos que esperar mais um dia. Dormimos duas noites com bastante segurança. Usávamos o banheiro da imigração. Fizemos amizade com os funcionários que se admiravam da nossa aventura.
E assim chegamos ao final de mais uma pequena aventura de 1700 km realizada em 19 dias, sendo 16 em cima da cruzbike.
Só mais tarde foi que me dei conta de que a facilidade da viagem era devido ao conforto do acento da cruzbike. Mesmo com pedaladas acima dos 150 km diários, com muitas subidas e vento contra não cheguei a sentir um forte cansaço como acontecia nas outras viagens. Não resta dúvidas que poder recostar as costas num banco e sentar num banco largo é muito mais confortável do que estar em cima de um pequeno selim.
A viagem de teste serviu para tomar a decisão definitiva. Vou fazer a volta ao mundo pedalando numa Cruzbike, uma reclinada com tração dianteira. Estou fazendo os últimos ajustes para deixá-la pronta para o grande desafio.
Amigo Valdo !
ResponderExcluirDesejo que a volta ao mundo lhe corra da melhor forma. Tudo de bom para voçê e para a sua cruzbike.
Se um dia puder quero fazer uma longa viagem de bike.
Uma abraço e força: Carlos
o cicloturista
Quarteira, sul de Portugal
Grande Valdo
ResponderExcluirGostei de ver fotos da minha Buenos Aires Querida. Morei dois anos lá. Os parques bonitos que voce passou indo para o Norte (direção San Isidro) são os chamados Bosques de Palermo e ai voce chega ao Monumental de Nuñes (o estadio do River Plate). Que legal que voce aprovou a Cruzbike. Fico no aguardo da proxima aventura. Moreno
Amigo, que viagem bonita. A sua carretinha foi voce mesmo quem construiu? Ou há disponivel de algum fabricante?
ResponderExcluirUm abç. Daniel
decarnaval@hotmail.com
http://elduran.blogspot.com
Olá Daniel
ResponderExcluirA carretinha é a BOB IBEX, americana. Você pode adquirir uma em Santiago do Chile na
http://www.intercycles.cl/partet.asp?parte=CARROS&boton=accesorios
O problema é que eles não entregam no Brasil. Eu fui lá buscar a minha.
Depois que você usa uma dessas nunca mais vai querer saber de alforjes.
Abraços
Valdo
Ei Valdo!! Boa sorte na tua viagem...
ResponderExcluirEstava olhando no youtube e vi um fogão solar feito pela própria pessoa... Pode ser uma boa idéia!! só demora um pouco mais pra cozinhar e tem q ter sol, claro!!
Abraços!!
Vanusa
Oi Vanusa,
ResponderExcluirA idéia não é má. Se funcionar é mais ummeio de economizar dinheiro e sobretudo peso do combustível que tenho que levar comigo.
Envia-me o link do video.
Abraços
Valdo