26 maio 2008

Ceará - Piauí - Maranhão


Hora da partida, despedida da minha irmã Ivone.



Saí de Joinville no dia 5 de abril às 21:45h e cheguei a São Paulo às 6 horas da manhã. Às 9 horas embarquei no ônibus da Contijo para Fortaleza, mas antes tive que pagar R$ 60,00 pelo transporte da bicicleta. Um abuso, pois a bicicleta estava dentro de uma mala bike e eu tinha direito a 30 kg de bagagem e mais a bagagem de mão. O ônibus era confortável mas não havia água para beber. O banheiro já saiu sujo de São Paulo e durante a viagem ficou sem água. No terceiro dia jogaram um balde de água para eliminar o mau cheiro. Ainda bem que só havia 21 passageiros e quase todos usavam o banheiro nas paradas.
A viagem foi tranqüila. Pegamos chuva fina nas serras mineiras e chuva forte nos últimos 100 km antes de chegar a Fortaleza onde encontramos uns tímidos raios de sol a nos dar as boas vindas. Deixamos os 23 graus do ar condicionado do ônibus e sentimos o impacto do calor nordestino.
Cheguei a Fortaleza no dia 8 às 15:15h. Descontado as 3 horas de troca de ônibus em São Paulo foram 62:30h dentro do ônibus.
Como estamos na época das chuvas, o sertão está todo verde com muita água por todos os lados.
Uma menina de uns 5 anos que viajava com a mãe e um irmão maior cismou que eu era o papai noel. Cantava cantigas de papai noel e se aproximava de mim para que eu a acariciasse. Certamente irá contar para suas amiguinhas eu viu o papai noel.
Quando comecei a montar a cruzbike na área de embarque da rodoviária já começaram a aparecer os primeiros curiosos. No início eram os carregadores e depois os funcionários. Era interessante ver a reação das pessoas. Na parte superior da rodoviária onde fui marcar a passagem de volta vieram vários curiosos para ver como é que eu ia pedalar. Alguns queriam saber se tinha sido eu a inventar a bicicleta. Um deles me perguntou se eu também fazia triciclos. Quando eu montei na bicicleta para pedalar, estava rodeado de curiosos.

Pe. Amadeu de 82 anos testando a Cruzbike.



Pedalei até o Colégio Dom Bosco onde fui recebido com muita admiração e carinho pelo Pe. Orsini, diretor do colégio. Mais tarde encontrei o Pe. Aristides e o Pe. Amadeu, este último com 82 anos e muito bem conservado. Depois de ouvir a minha história e viajar pelo álbum de fotos que levo comigo, disseram que é preciso muita coragem para fazer o que eu faço.

No dia 9 de manhã saí a pé para conhecer o centro e fazer as compras para a viagem.
Entre outras coisas comprei um mapa do Estado do Ceará com o mapa da cidade de Fortaleza. Na parte da tarde fiz outra caminhada por uma rua diferente em direção à praia Iracema.Fiquei um pouco decepcionado pois esperava mais da praia. Na volta fui ao Supermercado e fiz a compra da comida. O problema agora era como fazer para levar tanta coisa em tão pouco espaço. Como faz falta a minha carretinha.

No dia 10 peguei a cruzbike e fiz o meu primeiro passeio de 29 km. Fui conhecer a praia do Futuro. Fiquei encantado com o que vi.Centenas de chapéus de palha espalhados ao longo da orla. Na beira da estrada estão os restaurantes que se estendem para a praia onde estão os chapéus de palha com mesas, cadeiras e um garção para servir. Lembrou-me um pouco o estilo das praias italianas na costa lígure. A praia em si não é muito boa pois este em mar aberto sem nenhuma enseada, mas mesmo assim é interessante.
Aproveitei para fazer o teste de pedalar pela praia. A primeira experiência foi um desastre. No começo não consegui pedalar. A roda da bicicleta afundava na areia. Depois de uma centena de metros a areia melhorou e consegui pedalar 500 metros a uma velocidade de 8 a 10 km/h. O problema era a areia que ia toda para a cassete e a corrente começava a ranger. Desisti da experiência e resolvi mudar o meu roteiro. Pedalar pela praia somente onde não houver outra alternativa. Como a roda dianteira da cruzbike recebe muito peso, fica difícil pedalar pela areia.
Na volta para casa, parei para pedir informação. O jovem que me indicou uma ciclovia que me levaria ao centro da cidade,olhou para o meu braço e disse que eu tirasse o relógio do pulso porque há muitos ladrões nas esquinas. Tirei o relógio e coloquei no bolsa da bermuda. Aí não, disse-me ele porque eles olham no bolso. Eu deveria colocar o relógio dentro da cueca. Assim o fiz. Mais adiante coloquei também a carteira de dinheiro dentro da cueca. Normalmente eu uso uma pochete por baixo da camisa.
Segui pela ciclovia até um posto de gasolina onde pedi informação. Eu tinha que atravessar uma avenida bem movimentada e seguir adiante. Desmontei da bicicleta e quando o tráfego diminuiu atravessei o canteiro do meio. O meu relógio caiu no meio da pista. Encostei a bicicleta no meio fio, mas o sinal abriu e os carros começaram a passar numa boa velocidade. Eu olhava o relógio e torcia para que nenhum pneu passasse por cima dele. Depois de alguns minutos de espera, consegui apanhar o relógio e atravessar a outra faixa.

Dia 11. Tudo pronto para iniciar a viagem. Amanheceu chovendo forte e tive que adiar a partida para o dia seguinte. A chuva continuou até as 13 horas. À tarde abri a internet e atualizei os meus e-mails. À noite preparei toda a bagagem e deixei a bicicleta equipada para a partida.


Jangada na praia de taíba CE.


12/04/08 – Fortaleza – Taíba = 80 km em 4:40h.
Acordei às 5:30h.Às 6:40h saí pela portaria do colégio e só então percebi que havia uma chuvinha fina. Mesmo assim, segui adiante. Atravessei a cidade e quando me aproximava da ponte da Barra Ceará a chuva começou a aumentar. Atravessei a ponte em baixo de chuva e parei no pedágio.Tinha pedalado apenas 13 quilômetros, Enquanto eu esperava a chuva parar, apareceram alguns curiosos.Entre eles veio o guarda do pedágio, o Tito que também gosta de pedalar. Depois que eu mostrei o álbum de fotos ele não cansava de me elogiar. Disse que para ele este dia era muito especial pois tinha viajado através das fotos ouvindo o comentário que eu fazia a cada uma delas. Disse que eu deveria usar como lema a formiga que é a maior atleta do mundo. É capaz de transportar um peso muito superior ao peso do próprio corpo.É persistente e tenaz e vence qualquer obstáculo. Disse que as minhas aventuras são como as da formiga.
Já passava das dez horas quando a chuva deu uma aliviada. Tanto o Tito como o Sr. Chico, de 61 anos, me aconselharam a voltar para casa. Diziam que o tempo só ia melhorar no final da tarde. Estive a ponto de desistir, mas resolvi continuar.
Pedalei uma hora e a chuva aumentou outra vez. Parei numa padaria e só reinicie a viagem às 12:30h. O tempo finalmente melhorou e no final da viagem pedalei uma hora com sol.
Depois de pedalar 80 km cheguei à praia de Taíba às 17:10h. Encontrei um cantinho cheio de jangada, reduto dos pescadores. Guardei a bicicleta no Bar das Pedras e armei a barraca no rancho dos pescadores.


Partindo de Taíba


Um pescador, Gilberto, me acompanhou até o local onde estavam guardadas as redes de pesca. Subiu num caixote e arrumou as telhas que estavam um pouco afastadas para que a chuva não caísse em cima de mim. Montei a barraca e tomei um banho delicioso numa torneira pública na beira da praia e aproveitei para lavar a roupa.
Quando eu estava tomando o café, sentado numa jangada em baixo da luz do poste, chegou o Sr. Gilberto para me visitar. Mostrei o álbum de fotos. Ele ficou admirado ao ver como existem tantas coisas bonitas neste nosso mundo.
Ele me alertou para o problema da dengue. Na casa dele só ele escapou até agora.


A Cruzbike pronta para enfrentar a estrada


13/04/08 – Taíba – Barrento = 104 km em 6:18h.

Iniciei a viagem às 17:40h com destino a Ponta do Mundaú. Rumei para Siupé e peguei estrada de piçarra com muitas poças d’água. Atravessei a represa de canoa, ou era uma balsa empurrada com uma vara? Depois peguei vários quilômetros de calçamento onde era um tormento pedalar. Durante a viagem, em conversa com os nativos, resolvi mudar a rota. A enchente arrastou algumas pontes e algumas estradas chamadas aqui de carroçal estavam com muita água e lama. Dirigia-me a Lagoinha, no litoral, mas me convenceram a fazer mais uma alteração no roteiro. Destas vez rumei para o centro enfrentando o cerrado e o sertão até Itapipoca. Antes do meio dia tive que parar mais uma hora por causa da chuva forte e depois pedalei até às 14:30h com chuva fina. Finalmente o sol apareceu. Quando cheguei em Barrento já era 16:50h. Barrento é pequena. Só tem uma rua que corta a cidade. Pedi informação no centro para saber onde poderia armar a minha barraca. Indicaram-me o posto policial. Fui muito bem recebido. Além de achar um lugar seguro para a bicicleta ainda consegui um gancho para armar a rede e um chuveiro para o banho.
Ao chegar ao posto policial, antes de dizer o que eu queria, mostrei a minha cruzbike carregada. As portas logo se abriram. Os dois policiais ficaram impressionados com o meu álbum de fotos. Às 18:30h os dois saíram de moto e eu fiquei sozinho. Às 19 horas a luz foi embora. Eles voltaram às 10>20h, acenderam duas velas e saíram de novo. Voltaram às 21 horas. Eu já tinha feito o meu jantar. Armei a rede na sala de entrada, deitei e os dois sentaram-se e começamos a conversar. No início foi sobre o álbum de fotos mas depois de eu me identificar, a conversa tomou outro rumo. Foi umpapo muito proveitoso.Às 22 horas eles foram dormir e eu que já estava na rede me ajeitei para o merecido descanso. Não demorou muito para eu receber a visita das “muriçocas”. Entrei no saco de dormir. Resolvi o problema das pernas e dos braços mas a música na orelha continuou. Depois de muito apanhar na cara para tentar matar os invasores, fiz o que deveria ter feito desde o início. Tirei a rede e armei a barraca só com a parte do mosquiteiro. Resolvi o problema. Só acordei às 6 horas com o barulho dos dois policiais que já estavam de pé.


14/04/08 Barrento – Nascente = 74 km em 4:10h.

Iniciei a viagem às 7:15h. A primeira etapa era alcançar Itapipoca onde cheguei às 0 horas. Procurei uma oficina de bicicleta e troquei as borrachas de freio da roda traseira. A cidade é cheia de ciclistas de todas as idades. Na rua de acesso à cidade havia uma oficina de bicicleta a cada 50 metros. A cidade está aos pés da serra.
Eu estava com um pouco de preguiça e às 14 horas cheguei a um posto de gasolina num lugar chamado Nascente. Fui muito bem recebido. Ainda antes de descer da bicicleta a dona Socorro me ofereceu um delicioso cafezinho. Disponibilizou-me uma área coberta para eu armar a barraca. Tomei um banho, lavei a roupa, tomei café e então mostrei o meu álbum de fotos. O álbum passou de mão em mão e ouvi os mais variados comentários. Um frentista fez questão de tirar uma foto comigo. Queria guardar uma recordação ao lado de um senhor que viaja o mundo de bicicleta. Anotei o endereço dele para enviar as fotos quando eu chegar em casa.
A foto que causou mais admiração foi a do “Fin del Mundo” no Ushuaia, Argentina. Um senhor disse para a esposa.
- Está vendo? Você disse que não existe o fim do mundo. Este senhor já esteve lá.
E mostrou a foto a ela.
Outra coisa que chamou a atenção deles foi ver como eu aquecia a água numa garrafa usando um “rabo quente”.
Depois de eu bater a foto com o Odair, o frentista, três pessoas tentaram pedalar na cruzbike. Eram os mais corajosos. Nem todos se arriscam a montar numa coisa tão estranha.
É muito bom a gente parar cedo. Tem tempo para muita coisa.

15/04/08 Nascente – Acaraú = 88 km em 5 horas.O lugar onde eu dormi teria sido excelente se não houvesse tanto barulho. Como o posto é 24 horas a cada momento parava um caminhão para me acordar.
Às 4:30h começou a monótona sinfonia dos pardais com um barulho insuportável. Mesmo assim conseguir dormir até às 5:30h.
Como a próxima etapa era relativamente curta, aproveitei para conhecer algumas praias. Ao chegar em Itarema tomei uma água de coco gelada, saboreei dois picolés e rumei para conhecer as praias Mulheres de Areia; Guariju; Farol de Itapajé e Volta do Rio onde fui acolhido com muito carinho pelo Sr. Sarado que estava deitado numa rede pendurada numa árvore à beira da estrada do Pau. Eu tinha passado ser ver o Farol. Ele me aconselhou a voltar, pouco mais de um quilômetro, para fotografar o farol e conhecer a praia. Convidou-me para almoçar com ele na volta. Visitei a praia e fotografei o farol. As praias daqui são muito diferentes das praias catarinenses.


Almoço delicioso na frente da casa do Sr. Sarado


Voltei à casa do Sr. Sarado e qual não foi a minha surpresa ao ver que todos comiam com o prato na mão sentados em bancos construídos na calçada.A sombra da árvore e a brisa suave tornava o lugar muito agradável. Não demorou muito e veio o meu almoço. Arroz, feijão, pirão (uma delícia) e duas postas de peixe. Só consegui comer uma. No final ainda me serviram uma deliciosa sobremesa gelada. Não sei o que foi que eles viram em mim. O fato é que fiquei imensamente agradecido. É claro que depois de todas estas delicadezas mostrei o meu álbum de fotos que sempre faz muito sucesso.
Seguindo depois para Acaraú, fui acompanhado por dois ciclistas.O mais velho tinha 55 anos e o outro 30. Pedalamos juntos uns quatro quilômetros e chegamos em Jurutianha. O mais velho foi até uma oficina e voltou com um mecânico.Queria que ele copiasse o modelo para fazer uma bicicleta igual à minha. O mecânico que era um adolescente disse logo que não ia conseguir fazer algo parecido.
Cheguei a Acaraú às 15:30h e depois de uma pedalada pela cidade, comprei pão e segui até a saída da cidade onde acampei num posto de gasolina.



16/04/08 Acaraú – Jericoacoara – 61 km em 4:40h
O lugar onde acampei foi tranqüilo. Coloquei a cruzbike dentro de uma área coberta onde também dormiu um dos funcionários do posto numa rede.
Segui rumo a Jijoca de Jericoacoara ou será Gijoca? Cada placa na estrada usa uma grafia diferente.
Deixei a estrada asfaltada e entrei numa estrada de piçarra até Preá. Parei na praça principal para uma pequena conversa. Um senhor se aproximou de mim e perguntou se eu costumo dar entrevistas nas rádios. Eu respondei que não procuro, mas quando me convidam eu faço a entrevista. Já fiz entrevista em Ponta Porá MS, Na Argentina em Rio Gallegos e no norte; no Paraguai, em Joinville, etc. Foi então que o homem me disse:
- Eu tenho um programa na rádio. Vamos lá em casa tomar um café e gravamos a entrevista.
- Vamos, disse eu.
Cheguei na casa do Dr. Antônio dos Santos de Oliveira Lima, conhecido como Dr. Lima. É engenheiro agrônomo desempregado e tem um programa na cidade de Cruz na Rádio FM Comunitária 98,7 MHZ. Programa a Comunidade e o Cidadão. Gravamos a entrevista que me pareceu um pouco longa. Depois o Dr. Lima viajou pelas minhas fotos e ainda fez questão que eu almoçasse com ele.


Dr. Lima experimenta a Cruzbike


Na praça os moradores tinham dito que amare estava baixa e que era possível pedalar pela praia. Consultei a tábua de maré e vi que a maré baixa só ia acontecer no final da tarde. Resolvi pegar a trilha dos bugues. Estava meio apreensivo pois teria que enfrentar 12 km de areia. Para minha alegria os primeiros seis quilômetros foram ótimos. Depois peguei areia solta e tive que empurrar a bicicleta.

Jangadeiro voltando da pesca


Cheguei numa bifurcação e uma placa indicava:
- Pedra furada 1,5 km
- Jericoacoara 3,8 km
Parei, refleti e decidi seguir adiante para conhecer a pedra furada. Empurrei a bicicleta por 1500 metros até chegar no fim da estrada. Daí para frente eu teria que seguir a trilha ladeira a baixo até chegar na praia. A minha intenção era tirar uma foto com a cruzbike na frente da pedra furada. Cheguei até o local onde eu pesava que fosse a pedra furada. Mas não era a pedra furada e sim a pedra do frade.


Pedra do Frade. Até aí eu cheguei com a Cruzbike


Se já tinha sido muito difícil chegar até ali, continuar a viagem coma bike era quase impossível. Deixei a bicicleta no chão e segui adiante por mais dez minutos até chegar a pedra furada. Na volta eu estava com sede e a água estava no fim. Um filete de água escorria do Serrote. Experimentei e vi que não tão ruim assim. Matei a sede, mas no dia seguinte senti o efeito com uma pequena disenteria.


A Pedra Furada de Jericoacaoroa


O difícil foi empurrar a bicicleta morro acima. Eu tinha que levantar a roda dianteira e empurrar a bicicleta pela areia fofa. Contava trinta passos e parava para tomar fôlego. Esta técnica sempre funciona. Se eu olhasse para cima e pensasse que teria que empurrar mais de 40 kg morro acima eu teria desanimado.Mas fazer apenas 30 passos e descansar era muito mais fácil. Um pedacinho de cada vez.
Ao chegar ao topo da colina encontrei um Bugue que tinha acabado de chegar com quatro turistas italianos que iriam voltar a pé pelo morro.


Praia de Jericoacaoroa


O Zé do Bugue me ofereceu uma carona. Tirei as duas rodas da bike e a amarramos no bugue. Eu tinha pendurado as minhas sandálias no Bar End e me esqueci de tira-la. Ao chegar em Jeri só encontrei um pé da sandália. O Zé foi tão legal comigo que quando eu estava falando com a Roberta que ia me hospedar, ele apareceu lá com uma bicicleta e me entregou o outro pé da sandália.. Ele tinha voltado ao local de embarque da bicicleta para buscar a sandália para mim. Foi muito lindo o gesto dele.
Em seguida um jovem me acompanhou até a casa da Roberta que mora com a Paula e a Taciana. Recebi uma cópia da casa e fiquei muito a vontade.

O Parque Nacional de Jericoacoara foi criado em fevereiro de 2002 a partir da recategorização parcial da Área de Proteção Ambiental criada em 1984 e teve seus limites redefinidos em junho de 2007. Tem como objetivo proteger amostras dos ecossistemas costeiros, assegurar a preservação de seus recursos naturais e proporcionar pesquisas científica, educação e interpretação ambiental e turismo ecológico.

Nesta época do ano, estamos na metade de abril, chove muito. As lagoas estão todas cheias e a vegetação é exuberante. Verde por todos os lados. Um diferencial do lugar é que durante oito meses o sol se põe no mar. Para nós sulistas que estamos acostumados a ver o sol nascer no mar, este detalhe chama muito a atenção.
As ruas da vila são todas de areia. Algumas até parecem dunas. É quase impossível pedalar na cidade.Neste período de baixa estação é um sossego total.

Potencial turístico.
O Parque possui diversos atrativos que são visitados por um grande número de turistas. Dentre eles destacamos:
- A Pedra Furada, formação rochosa considerada um ícone de Jericoacoara e que é divulgada como uma das principais paisagens do Parque Nacional.
- O Serrote, formação rochosa que se eleva ao nordeste da vila de Jericoacoara e apresenta o ponto culminante do Parque Nacional, onde está localizado o farol a uma altitude de 95 metros.
- O Campo de Dunas, uma visão impressionante que se estende por quase toda a extensão do Parque Nacional, com destaque para a “Duna do Por do Sol” de onde se pode acompanhar o pôr do sol no mar.
- Passeio ecológico nos manguezais, onde se visualiza cavalos marinhos em seu habitat natural.
- As lagoas temporárias formam uma atração à parte e são utilizadas para banho e ultimamente para esportes náuticos como Kite Surf.
- As praias são a maior atração do Parque Nacional. Há praias bem freqüentadas, isoladas e locais para prática de esportes náuticos como: Kite Surf, Windsurf e Surf.


Tati, Paulinha, Valdo e Roberta na hora da partida


20/04/08 Jericoacoara – Camocim = 53 km em 5:45h

Passei quatro dias muito interessantes em Jeri. A vontade era ficar mais tempo, mas como ainda tinha muito chão pela frente, o jeito foi reiniciar a viagem rumo a Camocim.
Depois da foto de despedida enfrentei 48 km de praia. Foi uma experiência bonita mas muito cansativa. Nos lugares onde a areia era firme era possível manter uma velocidade de 14 km/h, mas bastava mudar um pouco o tipo de areia para ter que parar. Empurrei a bicicleta durante muitos quilômetros. Havia muitas travessias pequenas durante a viagem e três balsas, sendo a última motorizada, a que leva a Camocim.



Saí de Jericoacoara às 7:45h e cheguei a Tatajuba às 11:30h. Para atravessar o rio com água pelo joelho, fui ajudado por um jovem pois a bicicleta esta muito pesada. Fui a um barzinho para tomar um refrigerante. Uma senhora, dona de uma pousada na lagoa me convidou para passar a noite lá sem pagar nada. Pode tomar banho e dormir de graça, disse ela.n Só vai pagar o que consumir. Era só colocar a bicicleta na D20 e seguir. O marida dela me desaconselhou porque no dia seguinte eu teria que voltar até o lugar onde eu estava e a trilha tem muita areia solta. Agradeci a oferta e fui merendar.


O tempo fechou. Nos quatro dias que passei em Jeri sempre chovia antes do almoço. Já passava do meio dia e o dono do bar olhou para o céu e disse que não ia chover na praia. A chuva ia para a serra, disse ele. Depois de meia hora de espera resolvi seguir viagem. Pedalei cinco minutos e começou a chover. Sorte que havia uma casa com uma varanda onde pude me abrigar. Despencou um verdadeiro toró durante trinta minutos. O céu limpou e eu continuei a viagem em direção à praia. Como a maré estava muito baixa o mar estava muito longe e inúmeras lagoas separavam a trilha da praia. Segui a trilha dos Bugues e depois de uma hora percebi que eu estava indo em direção às dunas. Mudei de direção para chegar ao mar. Eu estava muito longe e havia muitas lagoas. Depois de alguns minutos empurrando a bicicleta, vi passar um carro na beira do mar. Eu estava no caminho certo. Depois de muitas travessias consegui chegar à praia. Ficou mais fácil pedalar, mas não por muito tempo. Decididamente não gostei de pedalar nesta areia. Além de consumir muita energia, as paisagens são monótonas. De um lado o mar e do outro as dunas intermináveis. Por isso ao chegar a Camocim, resolvi abandonar a praia e seguir pelo asfalto até Parnaíba.


Para fazer a travessia pela praia eu baixei a calibragem dos pneus. O pneu traseiro ficou com apenas 11 libras. Isto dá mais estabilidade à bicicleta mas a torna mais pesada. Em Camocim calibrei novo para 60 libras o pneu traseiro e para 35 o dianteiro. Tinha decidido passar a noite numa pousada, mas depois mudei de idéia e pedalei mais quatro quilômetros para fora da cidade até chegar a um posto onde encontrei chuveiro e um lindo chapéu de palha para armar a rede na companhia de três motoristas.


Durante a viagem muitos turistas que passavam nos bugues paravam para me fotografar. Nunca fui tão fotografado como nesta viagem. A Cruzbike faz muito sucesso.

21/04/08 Camocim CE - Parnaíba PI = 132 km em 7:00h

Guardei a bicicleta dentro da lanchonete e armei a rede no chapéu de palha. O ambiente teria sido ótimo se não fosse pela sinfonia constante, durante toda a noite, do meu colega de lado. Ele só conseguia dormir roncando. Mas mesmo assim dormi bem dentro do saco de dormir. De madrugada a temperatura baixou bastante e soprava uma brisa suave, mas bem fria.
Eu tinha combinado com a dona da lanchonete que pegaria a bicicleta às 6 horas da manhã. Levantei às 5:30h. Todas as minhas coisas estavam na bicicleta. Esperei até as 6 horas, 6:15h, 6:30h, 6:45h, 7 horas. Eu já tinha esperado uma hora e ainda não tinha tomado o meu café matinal.Finalmente, às 7:15h apareceu o filho da senhora que me atendeu. Eu delicadamente disse a ele que eu devia ter saído às 6 horas. E ele com a maior calma me respondeu:
- Agora só vai sair às 8 horas. E realmente assim foi.
O dia amanheceu nublado com algumas gotas de chuva, mas quando iniciei a viagem já não chovia. Optei em viajar pelo asfalto, pois a experiência da areia não tinha sido nada animadora. Agora eu estava em terreno conhecido. Com algumas subidas suaves a pedalada foi tranqüila.
Numa das paradas, num posto de gasolina para abastecer de água fresca, um senhor que ia para Teresina com a família estava com panela de jabá com farofa. Depois de fazer as perguntas costumeiras sobre a cruzbike, me ofereceu jabá e farofa. Encheu dois copos de plástico e me entregou. Comprei um litro de refrigerante e fiz um delicioso almoço. Com a barriga cheia continuei a pedalar. Aos poucos senti o efeito da comilança. Uma moleza abateu-se sobre mim. Um banco na sombra de uma árvore serviu para uma curta mas reparadora soneca.
Enquanto eu descansava, passou um ciclista levando um quadro de bicicleta no guidão. Mais adiante eu passei por ele e fui embora. Uma hora depois parei para o costumeiro descanso e oi ciclista me alcançou outra vez. Parou e veio ver de perto a bicicleta. Era o senhor Arimatéia de 61 anos. Ele também ia para Parnaíba e pedalamos dez quilômetros juntos. Ele me levou até a entrada da avenida que me levaria para o Bairro São José onde eu ia me hospedar. Ao se despedir ele me disse:
- Abaixa a cabeça e vai em frente até o fim da rua e depois vire à esquerda.
Encontrei a casa do Francinaro e fui recebido pelo pai dele o Sr. Francisco que me acolheu com um largo sorriso no rosto. Logo veio a esposa, dona Marai de Lurdes e depois conheci dois filhos, Yonara e Lucinaro. O Francinaro estava fora e só o conheci mais tarde. Senti-me logo em casa. Guardei a bicicleta dentro de casa, tomei banho e participei de um delicioso jantar com churrasco preparado pelo Francinaro.

22/04/08 Parnaíba PI

Saí de carro com o Francinaro para fazer uma caminhada pelas dunas do porto dos Tatus. Caminhamos dez quilômetros pelo meio das dunas com muitas lagoas. Um passeio muito bonito para ser feito a pé. A cruzbike aqui, nem pensar. Teria sido impossível subir as enormes dunas de areia solta empurrando uma bicicleta com 40 kg de peso. Visitamos também a praia do sal e voltamos para o almoço às 15 horas.


Dunas no Piaui, perto de Paranaíba



No final da caminhada vi que as solas da minha sandália tinham se soltado. Eu já tinha colado uma vez, mas não agüentou muito tempo. Foi por isso que eu trouxe também um par de tênis de reserva. No final da tarde fui ao sapateiro e ele disse que ia colar e costurar mas que só ia ficar pronta para o final do dia seguinte. Confesso que fiquei contente pois assim eu tinha um bom motivo para ficar mais um dia na companhia dessa família maravilhosa. No final da tarde aproveitei para atualizar o meu correio e o Orkut.


Dunas no Piaui, Ferancinaro e Valdo



Parnaóba - Piaui, Praia do Sal


24/04/08 Parnaíba PI – Tutoia MA = 125 km em 7 horas.

Saí de Parnaíba as 7 horas, depois de tomar café com cuscus. Na hora da despedida dei um forte abraço, sincero, em cada um deles. Fui tratado com muito carinho por todos. Talvez por eles ter sabido que eu tinha exercido o ministério sacerdotal por muitos anos e por eles serem uma família católica praticante. Ou então porque esta família, como as demais que conheci por aqui, tem um espírito muito hospitaleiro. Vou levar na mente e no coração a lembrança carinhosa de todos.


Lucinario testando a Cruzbike


O dia amanheceu com céu aberto e o sol começou a esquentar bem cedo. Eu já estava preparado para partir quando o Lucinaro perguntou se eu não ia passar o protetor solar. Em vez de passar o protetor, troquei de camisa. Vesti uma de manga comprida que ganhei do Faccim e que protege até 98% dos raios UV. Esta camisa é feita com um tecido especial um pouco mais grosso que a camisa comum de ciclismo, mas da uma sensação de frescor muito confortável. Acertei e vesti-la pois o sol castigou forte o dia inteiro. Às 10:50h parei num barzinho de beira de estrada para tomar um refrigerante e merendar. O proprietário, um senhor de 76 anos, ao ver a bicicleta arregalou os olhos. Eu perguntei em tom de brincadeira:
- Ué, o senhor nunca viu uma bicicleta?
- Desse jeito não, disse ele.
Conversamos bastante e no final ele me perguntou:
- Não quer esperar um pouco para comer feijão?
Olhei o relógio e eram 11:10h. Agradeci o convite e segui adiante.



Às 12:30h parei num bar desativado. Havia uma grande varanda e um senhor estava sentado na mureta. Fui até o outro lado da casa e achei água gelada. Que delícia. O sol estava muito forte. Depois de comer, estendi o isolante térmico no chão e dormi até as 13:30h.



O asfalto no estado Piauí parecia um tapete, mas ao atravessar a divisa de estado e entrar no Maranhão a coisa mudou. A estrada tinha 40% de asfalto e o restante de buraco e piçarra. Em muitos lugares as máquinas arrancaram o que sobrou do asfalto e ficou melhor, mas na maior parte é uma mistura de pedaços de asfaltos e buracos. Nos últimos 44 quilômetros, quando virei em direção a Tutoia o asfalto melhorou um pouco, mas em compensação começou uma seqüência interminável de subidas e descidas. Cheguei a Totoia depois das 17 horas. A min há intenção era dormir na beira da praia. Parei num posto de gasolina a quatro quilômetros do centro e o frentista me indicou um galpão onde os caminhoneiros passam a noite. Decidi ficar por ali mesmo.


Matando a sede durante a viagem


25/04/08 - Totoia – Paulino Neves = 35 km em 3 horas.
Uma noite um pouco agitada. Havia quatro redes e a minha barraca. O ambiente era tranqüilo e muito calmo. De vez em quando se ouvia alguém roncar na rede.Mas a calmaria não durou muito. Às duas horas da madrugada a família que morava ao lado da área coberta onde nós estávamos começou a armar o barraco.Briga de marido e mulher. Havia um terceiro personagem que estava sendo interrogado e logo começou a baixaria. O marido gritava feito um condenado e batia na mesa. A mulher tentava se defender das acusações mas a voz dela era abafada pelos berros do marido. Às 3 horas o terceiro personagem foi embora, mas a baixaria continuou. Às 5 horas entrou outra mulher no interrogatório mas se recusou a responder as perguntas e foi embora. Os dois resolveram se separar e às 6 horas finalmente houve silêncio, mas eu já estava de pé.



Já passava das sete horas quando iniciei a pedalada. Foram 32 km de pura areia. Com uma velocidade média de 9,3 km/h gastei mais de três horas para percorrer 35 km. Um terço da viagem fiz empurrando a bicicleta. O sol estava abrasador. Nunca tomei tanta água como neste trecho da viagem. Cheguei a Paulino Neves logo depois de meio dia. Atravessei a ponte e cheguei à praça de onde saem os carros para Barreirinha, mas o último carro já tinha partido. Fui informado de que havia um carro que ia a Barreirinha buscar uma mobília. Falei com o dono do veículo, um Bandeirante com tração nas quatro rodas, e combinei o preço por R$ 15,00. Ainda deu tempo de almoçar num restaurante na praça.


Rio Preguiça. Travessia de balsa para ir aos Lençóis


Foi a viagem mais louca que já fiz. Como dizem os garotos, foi muito irado. O carro seguiu por uma trilha pelo meio do pasto passando por dentro de inúmeras lagoas.


Subindo as dunas para entrar nos Lençóis


Havia ovelhas por todos os lados além de vacas e jegues. E lá íamos nós pulando como cabritos. Não demorou muito e entramos no meio das dunas. Uma coisa nunca vista.

Algumas dunas só eram vencidas depois de duas ou três tentativas. Outras tinhamquer ser contornadas passando por dentro da lagoa n uma manobra meio arriscada. Depois de vencer as dunas a trilha entra no meio do mato e segue um areão branco no rastro de outros carros que por ali passaram. Só esta travessia já valeu a viagem.

Em Barreirinha encontrei a Pousada Terral, um ambiente bom. É o lugar preferido dos vendedores. O preço? R$ 10,00 a diária com café da manhã no restaurante. Paguei logo duas diárias. Depois do banho saí a procura de uma excursão para conhecer os famosos Lençóis Maranhenses. Eu queria fazer uma caminhada de um dia, mas não encontrei um guia disponível para este tipo de aventura. Eles fazem travessias maiores a R$ 100,00 por dia. Mas agora está fora da temporada. O jeito foi participar de uma excursão de cinco horas.
Às 9 horas da manhã um Bandeirante com dez turistas a bordo encostou na Pousada para me apanhar. Havia um turista italiano, um americano e os demais eram brasileiros de Curitiba, Campinas e Rio. Fomos conhecer a Lagoa Bonita dentro das dunas dos Lençóis. Foram 18 km de trilha com muita água e areia solta sempre pelo meio do mato.





Para entrar nas dunas é preciso subir uma ladeira de areia de quase 40 metros de altura. Ao chegar em cima deslumbra-se um panorama inesquecível. Aproveitei para fazer uma corrida junto com um até a lagoa bonita. A água cristalina estava morna.



Parecia uma piscina com azulejos. Depois do banho, corri ao redor da lagoa. Primeiro sozinho e depois, em outra direção, acompanhado por um italiano e duas cariocas que trotavam bem de vagar.


Chegamos ao topo de uma duna e lá em baixo se via uma lagoa com água transparente. O italiano desceu correndo morro a baixo e mergulhou na água. Eu fui fazer o mesmo, mas depois de alguns passos perdi o equilíbrio e fui rolando até a água. Quando levantei, olhei para cima e vi o céu dando voltas. Foi muito interessante. Parece que eu voltei para a minha infância. Subi de novo e desta vez consegui descer correndo sem cair. No total foram duas horas bem aproveitadas nas dunas. Valeu cada segundo. Adorei.



À tarde abri o correio eletrônico e participei da missa vespertina. Ao chegar à pousada, um pouco antes das 20 horas, conversei com dois caixeiros viajantes. Eles me desaconselharam a ir até São Luis. Disseram que não valia a pena. Foi então que descobri que havia um ônibus que saia as 5:30h para Urbano Santos. Um percurso de 90 km de areia e muitas lagoas. Se eu fizesse esta travessia iria ter uma economia de quase 500 km. Saí apressado até a agência e encontrei o motorista. Ele sugeriu que eu preparasse a bicicleta e deixasse ali na agência. Voltei à pousada. Preparei asa coisas e voltei até a agência. Desmontei a bicicleta e coloquei dentro da mala bike. Voltei à pousada e só então tive tempo de comer alguma coisa.
Às 4 horas da manhã já estava de pé. Como a estrada tem muitas lagoas, o motorista colocou a bicicleta dentro do ônibus, no primeiro assento. O ônibus demorou quatro horas para percorrer os 90 quilômetros de buracos, água e areia. Encalhou só uma vez, mas os passageiros ajudaram a forrar a estrada com galhos de árvores e fomos embora. Desci na rodoviária de Urbano Santos e montei a bicicleta sob os olhares curiosos de algumas pessoas que queriam ver como é que eu ia pedalar. Abasteci-me de água e segui até o entroncamento da estrada com a BR 222, num lugar chamado Placa.
O dono de uma casa de comércio colocou a bicicleta dentro da loja e me arrumou um lugar dentro de uma sala de aula perto da loja para eu armar a barraca. Tomei banho numa lagoa de água de chuva um pouco além do povoado.

28-04/08 – Placa – Brejo = 115 km em 6:22h.

Acordei às 5:30h e depois de 90 minutos já estava na estrada. Dormi no Brejo depois de pedalar 115 km debaixo de um sol escaldante. Durante a viagem tomei mais de 7 litros de água. Também não era para menos, pois o suor gotejava como se fosse água da chuva.


Parada de ônibus no Maranhão


A primeira parte da viagem foi pelo meio dos coqueiros de babaçu. Uma paisagem linda com as casas de taipa servindo de moldura. Comecei a escolher uma casa típica para fotografar. Encostei a bicicleta num abrigo de ônibus coberto de palha. Fotografei a bicicleta e depois a casa. Não queria chamar a atenção das pessoas, mas não demorou muito e ouvi os meninos dizerem. Ele está fotografando a nossa casa. Enquanto eu merendava apareceu um bando de crianças e um adulto.


A casa do vovô Ricardo no Maranhão


Bati fotos das crianças e apareceu também o vovô Ricardo de 70 anos com problema na coluna e com a vista não muito boa. Convidei-o a sentar-se na cruzbike e bati algumas fotos dele rodeado pelos netos. Conversa vai conversa vem e o vovô Ricardo me convidou para tomar um café. Aceitei o convite. Entrei na casa de taipa com piso de barro e poucos móveis. A dona Maria me serviu café com dois beijus de tapioca. Enquanto eu comia me inteirei da situação da família. Os dois são aposentados mas criam 8 netos e mais um filho inválido que recebeu três tiros no Pará. Como se isso não bastasse, ainda aplicaram um golpe na aposentadoria da dona Maria. Levantaram um empréstimo em nome dela.Ela teve que recorrer ao advogado, mas até agora não conseguiu bloquear o desconto indevido.
Fiquei muito feliz em conhecer esta família típica do campo, mas ao mesmo tempo, revoltado com os maus elementos que existem por todos os lados.
Mais adiante um motorista de uma D20 estava parado esperando para eu passar para me fotografar. Pedalei alguns quilômetros e parei à sombra de uma árvore para merendar. O mesmo motorista de antes parou no outro lado da pista. Era o José Antônio, mineiro de Sete Lagoas, que pediu licença para me fotografar. Mostrei-lhe o álbum de fotos e contei resumidamente a minha história. Ele se mostrou muito admirado das minhas aventuras e disse mais de uma vez que eu era louco. Anotou o meu site e disse que vai ver as fotos na Internet. Faltava poucos quilômetros para chegar ao meu destino e fiz mais uma parada. O sol estava muito forte. Parei num abrigo de palha e coloquei o meu boné em cima do banco. Pensei. Vou esquecer o boné aqui. Como o sol estava muito quente imaginei que se eu saísse sem o boné iria sentir o sol na cabeça. Deixei o boné ali mesmo. Depois de matar a sede e descansar um pouco, continuei a viagem com algumas subidas fortes. Dois quilômetros adiante me dei conta de que eu estava sem o boné. Ao deixar o abrigo o sol estava encoberto pelas nuvens. Não tive coragem de voltar para apanhar o boné. Dali para frente viajei com o chapéu pois o capacete tinha ficado em Joinville.
A reação do povo no Maranhão é igual a outros estados brasileiros. Alguns ficam calados, apenas olham. Outros gritam feito malucos. Alguns em tom de gozação gritam: olha o Papai Noel! Houve até um motorista parado dentro do carro que me olhou e gritou: - Vagabundo. Não entendi muito bem o que foi que ele quis dizer e segui adiante.

29-04-08 – Brejo – Mamorna = 93 km em 5:36h
No posto onde eu dormi encontrei um grupo de vendedores ambulantes vindos do Piauí. Viajam todos numa caminhonete carregada de sacos de roupa. Cada um tem um carrinho de duas rodas, tipo aqueles que se usam nas rodoviárias. Chegam a uma cidade e percorrem todas as ruas. Além de vender o produto eles também deixam o produto em consignação com 30% de desconto e após 90 dias passam de novo para recolher o dinheiro e vender mais. Percorrem o estado do Piauí e do Maranhão. Eles ganham 5% sobre a venda. Passam meses fora de casa dormindo em postos de gasolina. Um deles, o Chico, é o cozinheiro. Fez questão que eu tomasse o café da manhã com eles. Tomei café acompanhado com um prato de cuscus com ovos fritos e cebola. Uma delícia que eu desconhecia. O Chico ainda quis tirar uma foto sentadona cruzbike, pois dizia ele, quando o Valdo aparecer na TV, dando a volta ao mundo, eu quero dizer: - Eu estive sentado naquela bicicleta.


O Chico na cruzbike


O nome da empresa deles é Estrela Moda.
Saí do Brejo às 7:20h. O meu roteiro estava meio confuso. As distâncias no mata não eram muito precisas. O meu destino era Luzilândia e depois Cocal da Estação. Ao chegar a São Bernardo fui informado de que a estrada estava muito alagada e que eu teria muita dificuldade em passar por ali. Teria que fazer 90 km de estrada de chão com muita areia e água. Aconselharam-me a seguir adiante até Buriti dos Lopes a poucos quilômetros de Parnaíba e então rumar para Cocal da Estação e Tianguá. Esta mudança aumenta a quilometragem, mas em compensação a viagem é sempre pelo asfalto.
Pedalei quinze minutos debaixo de uma forte chuva. Até que foi interessante pois a chuva é quente.
Pedalei 93 quilômetros e cheguei num lugarejo chamado Mamorana. Havia um posto com um lindo restaurante numa área coberta,sem paredes e com muitas redes penduradas. É o ponto de encontro dos viajantes. Deixei a bicicleta na parte dos fundos num lugarzinho muito tranqüilo, mas durante o café, na mesa do restaurante me aconselharam a trazer as coisas para frente e armar a barraca no restaurante onde dormem muitos viajantes. Fiz a mudança e a curzbike ficou exposta aos olhos dos curiosos.

30-04-08 – Mamorana MA – Parnaíba PI = 95 km em 5:36h.
O restaurante ficou bem movimentado com motoristas e funcionários do município que jantam ali. O dono do restaurante me convidou par jantar e preparou uma boa porção de arroz com feijão, churrasco e farinha. Não consegui comer todo o arroz.
Antes que o Jornal Nacional terminasse na TV eu já estava dormindo. Às sete horas saí do restaurante e passei no armazém do Sr. Santana, um senhor muito simpático de 66 anos que queria conhecer a cruzbike. Quando ele viu a bicicleta chamou a mulher e os filhos para que eles também admirassem aquela obra de arte.
Iniciei a viagem seguindo em direção a Parnaíba. Tinha que chegar a 15 km da cidade para pegar a estrada para Buriti dos Lopes. Fiz os cálculos e vi que seria difícil pedalar até Canindé e chegar a Fortaleza antes do dia 7 de maio. Depois de muito ponderar decidi seguir direto para Parnaíba e pegar um ônibus para Canindé. Na rodoviária soube que só havia ônibus para Fortaleza e voltar 100 km ou então descer em Sobral e pedalar mais 220 km até Canindé. Optei por Sobral. Marquei a passagem para o dia seguinte às 7:15h da manhã. Com a passagem grátis no bolso, voltei para a casa do Francinaro onde eu tinha me hospedado uma semana antes. Com isso eu economizo 400 km e três dias de viagem.
A família do Francinaro me acolheu com muito carinho como seu já fosse um membro da família.


Maria de Lurdes, Francisco, Valdo e Francinaro



01-05-08 – Parnaíba PI – Sobral CE
Sobral – Taperuaba = 75 km em 4:28h


Cheguei à rodoviária às 6:30h. Demorei 35 minutos para empacotar a bicicleta. Saímos de Sobral às 7:15h e chegamos a Sobral ao meio dia.
Montei a bicicleta, tomei um lanche e peguei a estrada rumo a Canindé, debaixo de um sol escaldante. O termômetro na rua marcava 34 graus.
Eu tinha que vencer mais de 70 km antes do anoitecer. Os primeiros 5 km foram de muitas subidas. Às 15 horas parei num barzinho e fui informado que ainda faltava 50 km para chegar a Taperuaba onde existe um posto de gasolina. Encurtei o tempo de descanso e aumentei o ritmo. Se eu não conseguisse chegar de dia teria que pedir abrigo em alguma casa. Mas no final tudo deu certo. Entrei na cidade quando já começava a escurecer. Comprei mantimento e segui adiante. Já era escuro. Na saída da cidade encontrei o posto de gasolina onde passei a noite.

02-05-08 – Taperuaba – Canindé = 95 km em 6:34h.
Uma etapa relativamente curta mas bastante cansativa por causa das subidas. Aa estrada seguia sempre pelo meio da serra e o asfalto acompanhava o desnível do terreno sem nenhum nivelamento. Resultado, curvas e sobe e desce constantes.


Chegada a Canindé CE


Cheguei a Canindé às 16 horas. Dei uma volta pela cidade até a praça da Basílica e depois fui procurar o abrigo dos romeiros. O local era muito bom e estava totalmente vazio. Consegui um quarto para deixar a bicicleta e assim pude sair sossegado. O encarregado que me recebeu disse:
- Aqui não se paga nada. Tem lugar para armar a rede à vontade.
Perguntei se havia um lugar seguro para guardar a bicicleta. Ele disse que tinha quarto sem cama e o ventilador era asa de muriçoca. Eu pensei que fosse um ventilador de teto com duas pás parecidas com asas de muriçoca. Peguei a chave e me dirigi ao quarto. Abri a porta e vi um espaço vazio com 10 armadores de rede. Imaginei como deveria ficar aquele ambiente nos dias de peregrinação. Só então entendi o significado da asa de muriçoca como ventilador.
O ambiente era muito grande e bem distribuído. Durante os festejos recebe milhares de romeiros. Disse-me o encarregado que chega gente com rede mas não encontra espaço para armá-la pois até as árvores ficam todas ocupadas.



A Basílica de São Francisco de Canindé é a maior igreja dedicado ao santo na América. Confesso que, pela grandiosidade do título, eu esperava algo maior. Mesmo assim é muito bonita. É famosa pelas grandes romarias que acontecem no mês de outubro.




No quarto ao lado onde eu me hospedei estava outro ciclista, o Dedé que fez uma viagem de 220 km em três dias numa barra circular comum. Veio totalmente despreparado carregando duas caixas no bagageiro com uma rede e uma garrafa de 2 litros para água. Disse que passou sede pelo caminho. Veio com dois pneus carecas, sem chave, bomba, câmara ou remendo. No percurso que nós fizemos existem trechos com mais de 30 km de estrada onde não se encontra uma viva alma. Ele disse que vinha torcendo para que não acontecesse nada com a bicicleta. Eu o aconselhei a comprar uma câmara, uma chave para tirar a roda e um kit de remendo para poder viajar mais tranqüilo. Mas ele estava com pouco dinheiro e seguiu adiante assim mesmo.



Passei um final de semana muito bonito. Participei da Eucaristia e conheci os lugares de devoção dos romeiros. No domingo de manhã, depois da missa das 8 horas, subi o morro para conhecer a estátua de São Francisco. Um monumento impressionante em cima de uma colina que domina toda a cidade.




Aproveitei das horas vagas para acessar a Internet e por algumas fotos no Orkut.

05-05-08 – Canindé – Ffortaleza = 128 km em 7:23h
Dormi sozinho no abrigo dos romeiros. Coloquei a barraca no corredor, ao lado da porta do quarto onde estava a bicicleta. Acordei de madrugada e estava tudo escuro. Pensei que tivesse faltado luz mas de manhã o vigia me disse que tinha apagado a luz de madrugada.
Deixei a abrigo às 7 horas não sem antes pagar 3,00 para fazer a cópia da chave que eu tinha quebrado na noite anterior. A minha intenção era chegar a Fortaleza só no dia seguinte. Queria dormir a uns 30 km da cidade. Ao meio dia cheguei ao posto da Polícia Federal e começou a chover. Esperei 35 minutos até a chuva parar. Pensei em acampar ali. Havia um bom lugar e um banheiro. Faltavam 59 km para chegar a Fortaleza e seria uma ótima etapa para chegar de manhã. Como ainda era muito cedo resolvi pedalar mais um pouco. Como eu teria que atravessar toda a cidade, só poderia fazer isto durante o dia.Pelos meus cálculos vi que ia conseguir chegar cedo e toquei adiante. Às 16 horas eu já estava entrando no colégio são e salvo.
Como é bom retornar à casa. Ainda estava a quatro dias de ônibus da minha cidade mas é como se já tivesse chegado lá.

Conclusão
O roteiro original foi modificado devido à dificuldade de pedalar pela praia. Por se inverno havia muitas travessias difíceis de ser feita sobretudo carregando uma bicicleta pesando quase 40 quilos.
Mesmo assim atingi os meus objetivos de conhecer Jericoacoara e os Lençóis Maranhenses. Ainda de quebra tive a oportunidade de passar três dias em Canindé, a terra de São Francisco das Chagas.
A viagem de 1425 km serviu para avaliar a possibilidade de usar a cruzbike para fazer a volta ao mundo. Ainda é preciso fazer algumas alterações até ela ficar como eu quero. Com esta viagem passei dos 5000 km de teste. É uma bicicleta mais pesada e mais difícil de ser conduzida, mas o conforto da dupla suspensão e do assento compensa qualquer esforço.
Ao contrário de uma bicicleta comum, depois de uma pedalada de 150 km com muitas subidas a gente chega ao final do dia inteiro, sem aquele cansaço que se sente na bike comum. O assento confortável com o apoio para a coluna e a posição das pernas levantadas proporcionam um conforto muito bom. O meu guidão em quatro posições para as mãos e isto também ajuda muito no conforto.

30 comentários:

  1. Anônimo1/6/08 00:01

    Meu caro!!!!

    O relato ficou maravilhoso, o devorei aqui, dei algumas risadas em alguns trechos, principalmente quando vc fala do garoto que lhe recebeu ao invés da mãe, atrasando assim a sua partida.......... falta de uns cascudos rsrs

    Pois é meu amigo, pelo que vi foi muito boa tua viagem...............

    Boas pedaladas!!!!!!!!

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  2. Anônimo1/6/08 01:02

    Sensacional a viagem, mas uma vez o Vado provou que não era impossível e foi lá e fez! Parabéns !!

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  3. Anônimo1/6/08 01:03

    Errata: Valdo

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  4. Que Fotos Valdo!!!!

    Verdadeiramente Inspirador!

    Parabens!

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  5. Ola amigos,
    É verdade que para fazer um bom cicloturismo não precisa muito dinheiro mas sim muita disposição e simplicidade.
    Estas etapas servem para o preparo da minha Volta ao Mundo que está prestes a iniciar.
    Agora estou trabalhando na mudança da Cruzbike.
    Obrigado por participar comigo desta aventura.
    Valdo

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  6. Meu querido Amigo "peregrino" Valdo
    Fiquei maravilhado com mais esta façanha, você merece estar no livro de recordes Como: "Senhor dos caminhos". Tenho muito orgulho por conhec-lo pessoalmente e a honra de ter feito um caminho ao teu lado.Te admiro muito....
    espero encontra-lo e poder te dar um grande abraço.
    Você com certeza é um ser abençoado por todo este universo.

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  7. Anônimo2/6/08 09:49

    Nossa!!!!!!! è por tudo isso que virei sua assessora de imprensa! hehehehe Te admiro Muito!
    Abraços e Tudo de bom pra ti!

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  8. Valdo meu amigo, estava ancioso por esse relato, muito bom!!!!!, mais uma etapa vencida, PARABÉNS, que o nosso bom Deus continue te iluminando e dando forças para a etapa que estar por a VOLTA AO MUNDO, um cicloabraço.

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  9. Anônimo4/6/08 11:07

    Valdo
    fiquei impressionado com o seu relato, espero ter coragem de fazer algo semelhante.
    Quem sabe um dia nos encotramos pedalando.... Abraços.

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  10. Anônimo7/6/08 21:31

    ...Prezado Sr. Valdo.
    Não sei como sua viagem (via email) chegou até a mim. Só posso agradecer à essa pessoa.
    Como ciclista, com pequenas e deliciosas viagens, deliciei-me com seus relatos e nuances, às vezes tão familiares pelas situações vividas. Obrigado.
    Desejo-lhe todas as viagens possíveis e imagináveis, que seu semblante e seu espírito nunca mudem e que tenha saúde para conhecer o máximo de lugares maravilhosos dessa nossa linda nave mãe Terra.
    Boa viagem!
    W.Boos (Blumenau/SC)

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  11. Meu caro amigo
    W. Boos (Blumenau/SC)
    Também não sei com foi que você recebeu a mensagem. Não encontrei o seu nome na minha lista de contato.
    Mas fico feliz em saber que você leu o relato e gostou.
    Antes de iniciar a volta ao mundo pretendo pedalar por todos os municípios catarinenses para vender meus livros e DVD de fotos.
    Quando souber pela midea que um velhinho cabeludo e barbudo, pedalando uma Cruzbike está na sua cidade, vai me visitar. Terei prazer em conhecê-lo.
    a vida é assim. As coisas boas aparecem sem que a gente as procure.

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  12. Anônimo9/6/08 08:55

    Gde Valdo;

    O seu "aquecimento" para a Volta ao Mundo está sendo realizado em grande estilo.
    A expectativa pelo início de sua aventura é grande, e pretendo "viajar" com você através dos ótimos relatos que faz.

    O álbum que você carrega, com imagens das suas aventuras, lhe abrirá portas, encantará e inspirará muitos.
    Fico aqui imaginando a cena: as pessoas se aproximando, perguntando sobre a aventura e, imediatamente, realizando uma análise sobre a própria existência.
    Será instigante!

    É isso aí, grande plantador de sonhos possíveis, avante!

    Abs,

    Elias - Brasília/DF
    www.pikidatrilha.blogspot.com

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  13. Valdo,

    Fiquei muito feliz em receber o seu relato vou ler com muito carinho pois estou querendo realizar o mesmo trajeto um grande abraço.

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  14. Anônimo4/8/08 22:28

    Oi Valdo,
    Somente agora entrei no seu site e vi o relato da viagem do Ceará ao Maranhão. Muito bom, parabéns mesmo. Pedalar na areia é pedreira, ainda bem que você deixou a carretinha pra trás, né? Parabéns mesmo pela perseverança. Grande abraço.

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  15. irado essas suas viagem quero saber se gostou da cidade de Canindé pois sou daqui e acho aqui um maximo tenho vontade tambem de viajar por varios lugares deve ser um tudo oh vc é um aventureiro mas a beleza da vida consisti nisso aproveitar a saude que deus nos dar.Abraços Ana Paula

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  16. Ola Ana Paula,
    Obrigado pela mensagem.
    Dentre as várias belezas que encontrei no seu estado Ceará, Canindé ficou gravada na minha memória como algo muito especial. Foram dias de muita calma e meditação. Eu estava prticamente sozinho no alojamento dos peregrinos. O lugar parecia mágico.
    Eu já tinha me encantado antes com Juazeiro do Norte e agora completei com Canindé. Durante a viagem ouvi várias pessoas falarem de peregrinações até Canindé. Isto despertou-me a curiosidade e resolvi fazer um desvio da rota para chegar até aí. E foi simplesmente fantastico.
    Quando puder, faça a sua viagem. De bicicleta, como mochileira, como peregrina, não importa. O importante é dar o primeiro passo. Os outros virão por si só.
    Abraços
    Valdo

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  17. Dr. Lima (Cruz-CE) 25/12/08.
    Amigo Valdo,
    Conheci o seu diário de viagem ao Nordeste. Que coisa linda!.Você é um herói. Bravo como o nosso vaqueiro.Destemido como o jangadeiro e resistente como o mandacau. Que você seja Feliz na Volta ao Mundo.
    Nos encontraremos outras vezes pela internet.

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  18. Anônimo7/1/09 10:31

    Valdo,vc foi muito abençoado nesta viagem,principalmente quando vc resolveu desistir de ie até são luís.Para aquelas bandas é muito perigoso,talvez foi um anjo quem o fez mudar.gostaria muito de conversar com vc,tenho coisas parecidas com as suas.Parabens por vc saber comtemplar as maravilhas que DEUS criou de uma forma tão intensa. marcelofm08@hotmail.com

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  19. Que linda viagem! Isso foi pra te dar um forcinha, pq na verdade foi barra!
    Mas vale a pena, sei que vale.
    Nasci no Maranhao, num povoado chamado apenas Jardim, perto de Tutoia. Minha familia mudou-se para Sao Paulo qdo eu tinha 3 anos e com 31 eu vim pros EUA, onde moro ate hoje (com 37). Em 2002 antes de me mudar para ca, fizemos uma viagem aos Lencois Maranhenses e Delta do Parnaiba, Lagoa do Portinho.... ai que saudade..... A ideia tb era fazer Parnaiba-Jeri, mas nunca tivemos a oportunidade. Vc eh muito abencoado por conhecer esses lugares lindos, a simplicidade das pessoas... eh muito louco mesmo!!!!!!
    Deus te abencoe mais e mais e sempre!
    Um abraco,
    Cleide

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  20. Olá Cleide
    Nem precisa dizer que adorei a aventura. Gostaria de completar toda a costa, mas vai ficar para a minha volta em 2013. Espero ter forças, pois aos 69 ou 70 anos não vai ser muito fácil. Mas o que manda mesmo é a mente da gente.
    Tenho gratas recordações do Maranhão. Povo simples e hospitaleiro sem dúvida.
    Já falta muito pouco para o início da grande viagem. A gente se cruza virtualmente por aí.
    Abraços
    Valdo

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  21. Deus o abençoe, o proteja e lhe de forças nos momentos que precisar. Fico torcendo para que complete essa fantastica aventura.
    João Pimenta (pimenta.joao@gmail.com)

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  22. Olá amigo, ficamos felizes em ver nossa cidade Parnaíba em seu roteiro, sua história foi linda. e nosso BRASIL também. PARABÈNS! familia MELO.UM GRANDE ABRAÇO!

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  23. PARABÈNS PELO SUCESSO!

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  24. Olá Drica,

    Fiquei muito feliz em poder conhecer o seu Estado. Gostei de Parnaíba. Pena que o tempo foi pouco.
    Agora estou em plena volta ao mundo e daqui a 4 anos espero voltar a pedalar no nordeste brasileiro.

    A todos que deixaram um comentário, o meu muito obrigado.

    Valdo

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  25. Foi emoçionante ler sua trajetória pelo nordeste. Deus te abençõe e te guarde por onde quer que andares. Ele é contigo querido! Abraço!

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  26. Anônimo5/2/13 23:59

    vc foi um guerreiro viu, parabens meu jovem..

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  27. Anônimo3/9/15 14:30

    que saudade,nunca vou te esquecer seu valdo era guerreiro era tranquilao,ele se foi mas deixou aqui um admirador este merece uma medalha homem muito humilde,que deus esteja contigo voando livre ai no ceu como um passaro.morro do meio joinville SC.

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